sábado, 31 de maio de 2008



01 de junho de 2008
N° 15619 - Paulo Sant'ana


Falcões porto-alegrenses

Eu fiquei estupefato quando Zero Hora publicou, quinta-feira, a notícia de que 11 falcões estão num criatório de Porto Alegre, sendo adestrados para a proteção de vôo dos aviões que pousam e decolam no nosso aeroporto Salgado Filho.

Fiquei pensando que jamais nossa cidade abrigou tantos falcões. E me pasmei que tivessem vindo dos Andes, do Peru, 11 aves nobres da caça para viver em Porto Alegre, no sentido de proteger os aviões a jato, que seguidamente abalroam garças, socós, biguás, maçaricos, quero-queros, perdizes e pombos, que são sugados pelas turbinas e podem ocasionar graves acidentes.

Essa polícia avícola inesperada, sete falcões-peregrinos e quatro falcões-de-coleira, veio até aqui como o Exército Brasileiro foi para o Haiti, com a missão de salvar vidas.

Fico perplexo que esses 11 falcões tenham viajado de tão longe, do altiplano andino para o pampa gaúcho e resto curioso para saber o que sentem as aves quanto à diferença entre nossa terra que agora os abriga e o ambiente propício a elas, que é o de montanhas, penhascos, estepes, desertos e pradarias.

E estou louco para ver funcionarem os falcões no Salgado Filho. Porque diferentemente das águias e dos abutres, que planam, e dos gaviões, que voam acrobaticamente, os falcões-peregrinos empregam o vôo de alta velocidade.

Os falcões-peregrinos são os animais mais velozes do mundo, podendo seus vôos picados (em mergulho na direção da outra presa voadora) atingir a velocidade de até 350 km/h. Devem levar dois segundos para sair lá de cima de sua altanaria e chegar até uma garça a 10 metros da pista do aeroporto e carregar a presa para o ninho.

Então estamos hospedando aqui em Porto Alegre aves raras que serviam aos nobres e monarcas da antigüidade para a caça, algumas alçavam vôo das luvas dos falcoeiros para aprisionar os faisões, outras eram remetidas às maiores alturas para autonomamente escolherem suas caças e as trazerem para seus adestradores.

Interessante também que, ao contrário das águias e gaviões, os falcões não matam suas presas com os pés. Eles utilizam as garras para a apreensão das presas, abatendo-as logo em seguida com os bicos, com o auxílio de um rebordo (navalha) em forma de dente na mandíbula superior.

Tudo isso eu fui buscar saber só porque achei fantástica a notícia de falcões expedicionários estarem residindo em nossa capital, substituindo a mais avançada tecnologia aeronáutica para salvar não só aviões como vidas humanas.

Bem-vindos falcões dos Andes, os gaúchos os saúdam por esta nobre e exótica missão.

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