Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 17 de maio de 2008
18 de maio de 2008 | N° 15605
David Coimbra
O assassino, o corpo putrefato e o cavalo
Sempre que a polícia prende um assassino cruento e interroga o assassino cruento, o delegado comenta:
- Estou chocado. Em 20 anos de carreira, nunca vi alguém tão frio.
Sempre, sempre. Mas não é possível que todos os assassinos sejam frios. Um dia um delegado ainda vai declarar:
- O assassino é muito emotivo, muito sensível. Chora a todo momento. Estou com pena dele.
Da mesma forma, todos os corpos estão em adiantado estado de decomposição. Jamais ouvi ou li uma notícia sobre um corpo encontrado em atrasado estado de decomposição. Imagino o delegado declarando, até com certa satisfação:
- O corpo estava fresquinho quando o encontramos. Estava em muito bom estado, realmente. Em 20 anos de carreira, não havia visto ainda um corpo tão bem conservado.
Uma vez, um cavalo foi encontrado com três patas, lá em Pelotas, parece que foi em Pelotas. O cavalo estava morto, naturalmente, e o matador, por algum motivo, levou-lhe uma das patas embora. O delegado chamado para investigar o caso, declarou, desolado:
- Em 30 anos de carreira, nunca tinha visto um cavalo com três patas.
A notícia saiu na Zero Hora.
Juro.
Cada um com suas perplexidades. Eu, em 25 anos de profissão, por Deus, nunca tinha visto uma competição nacional tão afeita a um time como a Copa do Brasil deste ano para o Inter. A Copa do Brasil ofereceu-se ao Inter. E o Inter, butz, vacilou.
Escândalo no jantar
Noite dessas, fui a um jantar com o pessoal da natação. Sempre digo que é a Escolinha de Natação O Patinho Feliz. Mas não é. O pessoal lá é profissional, são da Raiasul, fazem triatlo e tudo mais.
Bem. O fato é que, assim que entrei na sala onde estavam todos, levei um choque. Fiquei pasmado, olhando para eles sem acreditar no que via.
Eles estavam vestidos!
Nunca os tinha visto com roupa. No máximo, sunga para os homens e maiô para as mulheres. E touca, claro. Aliás, essa foi minha primeira surpresa.
Todo aquele cabelo... Alguns até têm franja. Mas o mais escandaloso foi a roupa. Ele estavam dentro de calças e sapatos, havia gente de blusão e houve quem se enrolasse em mantas.
Fiquei envergonhado ao vê-los, e notei que eles também ficaram. Era muito agressivo ver aquela turma tão vestida. Levou algum tempo para nos acostumarmos com a nossa nova condição.
É a relatividade da moral. Se Fernandão usasse hoje o calçãozinho que Falcão usava na Copa de 82, a turma diria:
- Hmmm, que calçãozinho...
Os pudores mudam. Não duvido que, no futuro, ninguém se escandalize por um centroavante sair com travestis. Não duvido que as pessoas preocupem-se com os gols do centroavante, em vez de ligar para suas preferências sexuais. Acredito no futuro.
A bola na avenida
Recebi o seguinte imeil, a respeito de uma coluna que escrevi semana passada:
"Senhor David! Tio David!
Como queiras.
Eu me chamo Giovanni Zanco Gaiatto, tenho 11 anos e sou um dos meninos que jogava bola no Colégio Maria Imaculada, sobre o qual o senhor escreveu, lembra?
Aquele texto da bola que caiu na avenida. Foi o meu amigo, ele deu um "bago", que nem o senhor diz, e a bola caiu no outro lado do muro. A vó e o moço que estavam na rua não tinham muita vontade de nos devolver a bola. Queriam acabar com o nosso jogo. Mas o senhor entendeu o nosso drama.
Sua reportagem fez sucesso na sala de aula e nós, é claro, nos sentimos o máximo. Os colegas diziam que nós éramos famosos. Senhor David! Sou esportista e da paz. Jogo na escolinha do Flamengo, porém sou gremista de coração e tenho muitos amigos colorados. Logo, logo você vai jogar com seu filho Bernardo, não vai?
Um abraço. Giovanni".
Gostei muito do imeil do Giovanni, sobretudo porque ele, aos 11 anos, já é "da paz". Só tem o seguinte, ô, Giovanni: tio, não!
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