sábado, 24 de maio de 2008



25 de maio de 2008
N° 15612 - Martha Medeiros


O casamento do futuro

Recentemente gravei uma entrevista com a apresentadora Patrycia Travassos, do programa Alternativa Saúde (GNT), para ir ao ar na semana dos namorados, em junho. Achei que falaríamos apenas sobre amenidades, mas chegando lá, a conversa girou em torno dos casamentos do futuro: como serão as relações daqui pra frente?

Onde fui me meter. Já que havia esquecido minha bola de cristal em casa, tentei sair de fininho, mas antes que eu pudesse escapulir o diretor disse: gravando!

É sempre um assunto delicado. Em minha defesa, aviso: sou romântica. Acredito que uma vida sem amor é uma vida árida, e não estou me referindo a amor pelos filhos, por amigos, por cachorros. Estou falando de homens e mulheres que nunca se viram até que um dia, uau. Acontece.

E tem mesmo que acontecer. Não se pode desistir de amar por causa da propaganda contra: amor não dura, amor vira amizade, amor faz sofrer. Tudo verdade, mas e daí?

Não restando saída, encarei a câmera e fiz minha previsão, que nem é original, já que há inúmeros exemplos práticos ao nosso redor: o casamento "até que a morte os separe" está com os dias contados.

Um casamento único será raro. As pessoas terão no mínimo dois casamentos, talvez três. Pessoas excessivamente animadas terão mais. Alguma novidade nisso? Nenhuma. É só olhar para os lados. Não há mais sedentarismo emocional.

Homens e mulheres não estão morrendo aos 60 anos, como antigamente, e sim aos 90, aos 100. Essa longevidade alterou nossos planos. Ganhamos praticamente uma vida adicional, e pode-se fazer muita coisa com ela, inclusive reapaixonar-se.

É o fim da era do "pra sempre". Mais valerá uma relação que dure uma ou duas décadas, porém intensa, do que uma eterna, porém passível de um tédio brutal.

As crianças saberão desde cedo que o pai e a mãe seguirão os mesmos ad infinitum, porém haverá novos arranjos familiares, com madrastas e padrastos sendo absorvidos, assim como novos irmãos. Já é assim, não é?

A única diferença é que, nos dias de hoje, essa desagregação ainda gera muita culpa e sofrimento. No que a Igreja Católica, claro, dá sua gentil contribuição. Ainda somos vistos como hereges que carregam um coração de pedra.

De minha parte, tenho um coração mole, me emociono com histórias de amor e valorizo as longas parcerias: se forem honestas e apaixonantes, o que mais se pode desejar? Mas se deixarem de ser, não há razão para hipocrisia.

Já começa a ser aceita a idéia de que a diminuição do tempo de convívio não constitui um fracasso amoroso. Um dia haverá uma mudança total de mentalidade (não parcial, como hoje) que gerará uma sociedade menos ansiosa, menos iludida e, quem sabe, até menos infiel.

Foi isso o que eu mais ou menos disse naquela entrevista, e todos que estavam lá concordaram - mas éramos um bando de artistas, e opinião de artista vale menos que um palito de fósforo usado, como se sabe. Então aguardemos o tal futuro chegar.

Well, você de outro País, utilize os comentários acima para sugerir outros cronistas, comentar essas crônicas, ou simplesmente para dizer de onde você é, já que leitores de mais de 70 Países, conforme se vê ai ao lado acessam esse Blog, senão todos os dias lá de vez em quando.

Isso vale o esforço de estar aqui postando indepedentemente da hora ou do dia. Um ótimo domingo para todos nós este que é "the last sunday de maio."

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