sexta-feira, 30 de maio de 2008



30 de maio de 2008
N° 15617 - David CoimbraSou contra!


Sou contra a CPI. Qualquer CPI.

O instrumento da CPI deveria ser retirado do Legislativo, antes que ela, a CPI, acabe com ele, o Legislativo.

A CPI tinha a sua função e a sua utilidade, até que uma deu mais certo do que se esperava. A do Collor. Quando Collor caiu, década e meia atrás, todos os deputados, senadores e vereadores do Brasil se ouriçaram.

Compreenderam que tinham nas mãos uma arma capaz de abater presidentes. Desde então, as CPIs têm se multiplicado como se multiplicam as ratazanas do esgoto. Nenhuma deu resultado. As CPIs não servem para nada.

Para a sociedade, a CPI é inútil por razões óbvias:

1. A apuração a que ela se propõe já foi feita pelo Ministério Público, pelo Judiciário ou pela polícia.

2. O Legislativo não tem instrumentos ou capacidade para fazer diligências tão bem quanto os órgãos de investigação.

3. O Legislativo não tem competência para investigar nem quando investiga a si próprio. Porque, neste caso, falta-lhe independência: ou o investigado é amigo, ou inimigo.

É claro que isso pouco importa aos parlamentares. O que um parlamentar pretende, ao pedir ou ao instalar ou ao participar de uma CPI, não é descobrir algo. Ele sabe que uma CPI não desvenda nada, não esclarece nada.

O que o parlamentar pretende é atingir o governo. Qualquer governo, de qualquer partido, não importa. Uma CPI sempre é uma espingarda política da oposição.

Só que nem para isso a CPI serve mais. A presunção de que "os políticos são corruptos" se espargiu pela sociedade e se transformou em conceito.

Ninguém se escandaliza com um roubinho eventual, ninguém mais sabe se dez milhões é muito ou pouco, porque, para o cidadão comum, não será surpresa um político roubar. Será surpresa se ele não roubar. Sendo assim, quem se importa com as CPIs que permanentemente rondam os aliados de Yeda e Lula?

As pessoas sabem que é tudo encenação, que tudo aquilo não passa de masturbação legislativa. O Legislativo não trabalha mais para a sociedade brasileira, trabalha em função de si próprio. É a política pela política, a política parnasiana, parasita, tacanha e pobre.

O Legislativo brasileiro transformou-se num aleijão por causa da CPI. As grandes questões do país estão dormindo nas gavetas, enquanto os deputados fazem pantomima diante das luzes das TVs. Chega de CPI! Proíbam CPI! Sou contra CPI!

Sou contra a gramática. O ensino da. A gramática na escola é uma das causas da estultice que grassa pelo território nacional. Exemplo é a pesquisa divulgada dias atrás sobre leitura no país. Quais são os livros mais importantes para o brasileiro? Em primeiro lugar vem a Bíblia. Não vale - ninguém lê a Bíblia.

No máximo, o cristão toma um capítulo aleatório e lê dois parágrafos para se inspirar, sem entender nada. Depois seguem: O Sítio do Pica-pau Amarelo, Chapeuzinho Vermelho, Harry Potter, Pequeno Príncipe e Os Três Porquinhos. Livros infantis.

O que significa isso? Que o brasileiro não lê. E por que não lê? Por causa da gramática.

O particípio. Que me importa o particípio? Não quero saber do particípio, do futuro do presente composto, da fricativa interdental sonora, dos infinitivos todos.

Não quero saber. Nem as pobres criancinhas brasileiras, obrigadas a aprender gramática em seus tenros anos.

Nos Estados Unidos não se aprende gramática. Aprende-se a ler, a escrever, a interpretar texto. Era o que os professores deviam fazer com as crianças brasileiras: dar-lhes livros, fazer com que escrevessem sobre os livros.

Livros contemporâneos, com linguagem moderna e agradável. Nada de Machado de Assis e José de Alencar, por amor de Deus! Gramática, só algumas regrinhas básicas de acentuação e vírgula. Pronto. Chega de gramática. Sou contra a gramática!

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