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sexta-feira, 30 de maio de 2008
30 de maio de 2008
N° 15617 - Paulo Sant'ana
Em defesa do SUS
Os dados que o Conselho Regional de Medicina (Cremers) me passa sobre o SUS são ao mesmo tempo entusiasmantes e decepcionantes.
A obra do SUS é colossal em cada ano:
1) 100 milhões de consultas médicas;
2) 11,5 milhões de internações;
3) 350 milhões de exames laboratoriais;
4) 2 milhões de partos.
Sem falar em inúmeros outros itens, entre eles os atendimentos ambulatoriais e os caríssimos transplantes.
Mas esses números já dão uma idéia da importância do SUS e da sua imprescindibilidade social.
No entanto, o que o SUS deixa de fazer é também gigantesco, atestando a falta de atendimento para milhões de pessoas:
1) 10 milhões de hipertensos sem assistência;
2) 4,5 milhões de portadores de diabetes desatendidos;
3) 4 milhões de infectados pelo vírus da hepatite C desassistidos;
4) 90 mil portadores de doenças cancerígenas sem rádio/ quimioterapia;
5) 3,7 milhões de portadores de obesidade mórbida sem assistência;
6) 3.550 mortes de pacientes por falta de hemodiálise;
7) 50% das gestantes sem pré-natal completo;
8) 70% das mulheres sem acesso a exames mamográficos.
Sem falar naquela antiga reivindicação desta coluna, clamando pelo atendimento de cerca de 1 milhão de pessoas nas filas de cirurgia no Brasil, morrendo muitas delas por não serem atendidas antes de meses e anos.
E outros tantos números e itens não atendidos, que caracterizam a tragédia do SUS.
Se o 0,1% que o governo federal está pretendendo de alíquota para essa nova CPMF, agora com o nome de Contribuição Social para a Saúde (CSS), que alguns adversários dela chamam de Contribuição Sem Sentido, fosse destinado ao desaparecimento desse abandono que sofrem milhões de brasileiros no seu atendimento de saúde, se compreenderia e saudaria o novo tributo.
Mas tem-se a certeza de que o imposto pode vir a ser cobrado e essas necessidades veementes de prestação de saúde continuarão a não ser prestadas.
Também por isso, o Cremers estará coordenando hoje à tarde, das 12h às 16h, uma grande manifestação popular a ser realizada no Largo Glênio Peres, com a presença de inúmeras categorias profissionais, entidades médicas, sindicais e sociais.
Esta coluna vê com muitos bons olhos essa manifestação, até mesmo porque ela não é contra o SUS, pelo contrário, é a favor.
A favor de que o governo federal venha a garantir recursos necessários, suficientes e permanentes para a Saúde e promova o acesso de todos os brasileiros que não possuam seguro-saúde ao sistema, com o que a universalização do atendimento de saúde, inscrita na Constituição, venha finalmente a se cumprir.
Ao núcleo central do movimento e da manifestação de hoje, agregaram-se a Ajuris, o Simers, a Amrigs, o Sindicato dos Hospitais Beneficentes e Filantrópicos, a Federação das Santas Casas, o Sindisaúde, a Associação Brasileira dos Usuários do SUS e Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do RS.
Houve também a adesão da OAB-RS, Famurs, Assedia, Comissão de
Saúde da Assembléia Legislativa, Conselho Regional de Saúde, Conselho Municipal de Saúde POA, associações de portadores de doenças crônicas e dezenas de outras entidades interessadas em que o SUS avance em suas conquistas e alargue seu atendimento.
Dá para ver pela relação das entidades que a luta que esta coluna tem desempenhado através do tempo em favor dos necessitados em atendimento de saúde é abrangente na sociedade.
Mais atendimento do SUS, com melhor remuneração dos hospitais e médicos, é um grito que se espalhará hoje do Largo Glênio Peres por todo o Brasil.
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