Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 27 de maio de 2008
27 de maio de 2008
N° 15614 - Luís Augusto Fischer
Museu para obra viva
Sexta-feira próxima vai ser inaugurado o lindo prédio da Fundação Iberê Camargo, ali na beira do rio. (Um boi-corneta vai pensar "É lago, não é rio".) Ainda não tive o gosto de percorrer as entranhas daquela espantosa novidade, mas pelo que leio é algo com força para fazer pensar, como aliás pretende a melhor arquitetura do mundo moderno.
Ao que tudo indica, vamos ser brindados com muita coisa, nós que temos larga experiência de conviver com acomodações medíocres e incompetências notórias na área da arquitetura de prédios culturais, tanto quanto na área da gestão da cultura:
o prédio do Iberê refaz a ancestral pergunta sobre a nossa relação com o rio, a fundação nele abrigada valoriza adequadamente a obra de um grande artista nascido aqui, a movimentação artística em torno dele quer colocar a conversa em patamares realmente ativos e relevantes. Tudo como deve ser a melhor função da arte.
Li que o prédio, que abriga um museu de terceira geração - com toda uma franquia para a luz natural, essa linda luz que nos banha à toa, com uma série de cuidados contra fogo, com espaços inteligentes para exposição e acervo, etc. - , custou R$ 40 milhões (mais de metade via incentivos fiscais), e logo me lembrei que mais ou menos esse é o valor que a Operação Rodin calcula ter sido roubado na falcatrua do Detran, processo cuja água, por sinal, começa a chegar aos queixos de gente do primeiro escalão.
Iberê vale mais do que pesa. Artista superior, saiu daqui para estudar (com bolsa do governo do Estado, por sinal), foi franco até quando era conveniente não ser, conheceu na Europa artistas com quem aprendeu, envolveu-se numa confusão medonha num episódio doloroso em 1980 (romanceado com grande competência no romance Iberê, da editora Artes e Ofícios, que foi muito menos lido do que merece, escrito por Paulo Ribeiro, que por sinal fez um belo doutorado sobre Iberê pintor e contista), acima de tudo pintou, desenhou, gravou.
Em 1960, numa vinda a Porto Alegre quando já era um artista notável, protagonizou um famoso debate em que falou do "marasmo cultural" da cidade e do Estado;
no ano seguinte, ajudou a inventar o Ateliê Livre de Porto Alegre, nos Altos do Mercado Público, hoje sob gestão da Secretaria Municipal de Cultura.
Por tudo isso, vai daqui um viva para a nova casa do Iberê; que ela nos estimule a pensar grande, a pensar radicalmente, a aceitar os desafios do tempo.
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