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sábado, 3 de maio de 2008
03 de maio de 2008
N° 15590 - Paulo Sant'ana
A dor dos incestos
Quem ficou sabendo dessa sinistra notícia do pai que aprisionou a filha por 24 anos na Áustria, tendo com ela sete filhos incestuosos, pode ficar com a impressão de que pai se relacionando sexualmente com filha seja fato raro.
Nada existe de mais equívoco. No Brasil, é fato freqüente. Principalmente nas famílias de extração econômica mais baixa, e mais corriqueiro nas zonas rurais e silvestres brasileiras.
Eu mesmo, quando inspetor de Polícia, há 40 anos, cansei de varar serras e montanhas, em Tapes e São Jerônimo, indo de jipe até onde podia trafegar um veículo, depois montando em burro e carregando uma máquina de escrever por lugares íngremes, para ouvir em inquérito pais que haviam seduzido suas filhas.
Os pais que defloravam suas filhas e com elas conviviam como se fossem marido e mulher encaravam aquilo como circunstância normal, ignorando completamente a proibição da lei.
Afora, portanto, o cárcere privado revoltante do caso da Áustria, o incesto acontecido por lá é fato normal no Brasil. E até aceito em alguns lugares e regiões.
Mais ou menos a esse respeito, recebi carta de uma mulher que sofreu assédio dentro de sua casa por parente, quando era moça, e cedeu. Eis a carta:
"SantAna. Eu e meu marido lemos a tua coluna e te assistimos diariamente no Jornal do Almoço. Hoje ouvimos teu comentário sobre a reconstituição do crime de Isabella, cruel.
Tenho a seguinte opinião e explico: sofri nos meus ternos 10 a 15 anos, assédio sexual dentro de minha própria casa, meu futuro cunhado naquela época foi o autor.
Recém saído do Exército, sem muita escolaridade, sem roupa, e do Interior, minha irmã caiu de paixão pelo fulano.
Foi bem assistido o fulano. Nós, da família, tínhamos dificuldades financeiras, minha irmã mais velha trabalhava e adotou tal pessoa, para mim, bandido. Ele me assediava, pedindo beijos e carinhos e eu contava a minha mãe.
Mas nada foi feito. Eles então casaram com toda pompa, festas, enxoval, tiraram dinheiro de onde não tinha.
E o assédio sobre mim continuava, até que minha irmã ficou grávida, para eles a glória, para mim a injustiça.
Quando foi nascer o primeiro filho, eu, menor, fiquei à disposição deles, contrariada, para assisti-los na casa deles, para levá-la ao hospital, coisa do gênero. Enfim, vieram as dores do parto e ele a levou ao hospital.
Como foi altas horas da madrugada, ele não me chamou. Levou-a até o hospital e voltou para consumar o fato.
Fim da estória, levei a culpa nos ternos anos de infância, me ofereci, mereci o que aconteceu. E até hoje sou culpada, pois estou com mais de 40 anos. Se eu pudesse optar pelo meu destino, preferia a morte, na minha doce inocência, seria menos doloroso.
Escrevo para dizer que tragédias familiares não têm cura e doem". (A carta estava assinada e por motivo óbvio o nome da remetente é omitido.)
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