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sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Refundação e mediocridade
CLÓVIS ROSSI
Refundação e mediocridade
SÃO PAULO - Está começando a quebrar-se a sabedoria convencional que diz que a direita é conservadora. Não estou nem entrando em juízo de valor, se é bom ou ruim ser conservador/a.
Há países e/ou situações em que ser conservador é uma bênção, há outros em que é uma tragédia, há terceiros em que é apenas sinal de mediocridade.
O ponto não é esse. O ponto é que o mais novo símbolo internacional da direita, o presidente francês Nicolas Sarkozy, está se revelando tudo menos conservador.
O mais recente exemplo é seu anúncio do que chama de "uma refundação da função pública".
Pode se achar o que se quiser da tal "refundação", mas é difícil discordar do diagnóstico de Sarkozy: "A produtividade das administrações [públicas] conta tanto como a das empresas.
Tem o dever de não desperdiçar nem um centavo. Temos demasiado déficit, demasiada dívida, demasiadas necessidades". Vale para a França, vale muitíssimo mais ainda para o Brasil.
Aqui, as necessidades superam de longe, de muito longe, as capacidades de todos os níveis da administração pública, de todos os compartimentos delas.
No entanto, nem a direita nem a esquerda (se é que sobrou esquerda depois da guinada do PT para o conservadorismo) apresentaram até agora qualquer proposta de "refundação" do setor público ou do que quer que seja.
Uma vez, perguntei a Fernando Morais, então secretário de Educação do Estado de São Paulo, se ele tinha algum controle de qualidade sobre o seu pessoal.
Disse que não. Significa dizer que o professor que se esfalfa e o professor que só flana ganham a mesma coisa, o que mata qualquer hipótese de "refundação" do ensino público. Sarkozy, aliás, está propondo salários diferenciados.
Será o serviço público brasileiro tão superior ao francês que dispensa uma "refundação"?
crossi@uol.com.br
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