terça-feira, 25 de setembro de 2007


ELIANE CANTANHÊDE

Zuanazzi, duro na queda

BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, já disse, repetiu e apostou que o conterrâneo Milton Zuanazzi vai sair hoje da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), deixando o caminho livre para a posse da sucessora já escolhida, a economista Solange Paiva Vieira.

Mas o próprio Zuanazzi também já disse, repetiu e apostou que vai sair, sim, mas só quando lhe der na telha. Ontem mandou um recado: se Jobim estiver com pressa, é melhor começar a contar carneirinho.

Uma coisa é certa: Zuanazzi perdeu qualquer condição de ficar no cargo, depois da lambança no setor aéreo, das suspeitas sobre Denise Abreu e da queda dos demais diretores da Anac como num castelo de cartas. Além disso, ele perdeu algo fundamental: padrinho político.

O ministro Walfrido dos Mares Guia, que o indicou, o embalou e o segurou até agora, está muito ocupado tentando salvar a própria pele na coordenação política do governo, depois que caiu na teia de Marcos Valério e do senador e ex-governador tucano Eduardo Azeredo. E a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tem mais o que fazer do que cuidar de Zuanazzi.

Ou seja: Jobim bate pé que Zuanazzi tem que sair, o dito cujo bate pé que só sai quando quiser. Enquanto isso, a Anac está acéfala.

Jobim está forte, Zuanazzi é fraco, e o ministro acertou com Lula uma saída para o impasse. Formalmente, o governo indica e o Senado aprova diretores para a agência, mas não especificamente o presidente dela, que é escolhido depois entre os próprios diretores e encampado pelo presidente da República.

Ou seja: Zuanazzi pode continuar na agência, mas a presidente vai ser Solange. Duro na queda.

O governo tentou constrangê-lo para sair, mas ele é que está constrangendo Lula, Jobim, Dilma e Mares Guia para tirá-lo. O fraco virou forte. E tudo isso, que seria uma questão técnica e uma articulação política, é de um ridículo atroz.

elianec@uol.com.br

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