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quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Resultado normal
Paulo Sant'ana
13/09/2007
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A base governista votou íntegra pela absolvição do senador Renan Calheiros e salvou-o da cassação.
Renan Calheiros só teria sido cassado se alguns senadores da base governista votassem contra ele.
Como isso não aconteceu, Renan foi salvo da acusação de enviar todos os meses, durante anos, um mensalão para uma empreiteira.
Seria indevido mesmo cassar um senador porque ele, contrariando o fluxo histórico e tradicional, tinha enviado durante dezenas de meses, de seu bolso, um mensalão para uma empreiteira que constrói para o governo e depende do Senado para ver aprovadas as suas contas na relação com o poder público.
Seria ridículo cassar um senador porque ele mandava dinheiro para uma empreiteira para ela transferir mensalmente esse crédito para uma pensão alimentícia do senador.
Como um trator, a base governista votou maciçamente a favor de Calheiros. A base governista tem senadores espalhados por todos os Estados, só aqui no Rio Grande do Sul há dois dos três senadores que são da base governista.
Renan deve a toda a base governista a sua espetacular vitória.
Não há justificativa para o voto ser secreto, a representatividade pressupõe que os eleitores conheçam os votos de seus eleitos. Caso contrário, ficam impedidos de avaliá-los.
E o voto secreto permite uma anomalia gigantesca: a de que senadores declarem que vão votar de uma forma e na urna votam ao contrário.
Ou seja, ficam de bem com os eleitores e de bem com o poder.
A Folha de S. Paulo publicou anteontem uma enquete em que 41 senadores abriram o voto pela cassação de Renan Calheiros, 10 abriram o voto pela não-cassação e 29 não quiseram abrir seu voto.
Ou seja, folgadamente Renan Calheiros seria cassado se não houvesse hipocrisia. Ficou evidente que houve muitos senadores que disseram que iam cassar e absolveram.
Os 10 que prometeram absolver Calheiros, pela coragem de sua posição, certamente votaram pela absolvição.
Os 29 que não abriram seu voto, destes não se pode saber em que votaram, portanto não mentiram.
Mentiram, aproveitaram-se do voto secreto para ter lucro com os dois lados, seis dos 41 senadores que prometeram que iam votar pela cassação, só 35 cumpriram com sua palavra.
Os seis da moita. Espera-se que não continuem insistindo em sua malversação.
Nada muda com a absolvição de Renan Calheiros. Se ele fosse cassado, como se viu ontem, seria posto em seu lugar na presidência do Congresso um outro senador igual a Calheiros, em atuação, envolvimento e métodos.
Que vantagem ou desvantagem teria o país se Calheiros tivesse sido cassado? Nenhuma, tudo continuaria igual como afinal continuou.
Nada mudou. A política e o Senado continuam sendo os mesmos.
psantana.colunistas@zerohora.com.br
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