segunda-feira, 17 de setembro de 2007

DIOGO MAINARDI EM PORTO ALEGRE


Juremir Machado da Silva

DIOGO MAINARDI EM PORTO ALEGRE

Hoje, às 17h, no Set Universitário da Faculdade de Comunicação da PUCRS, Diogo Mainardi falará sobre 'relações incestuosas entre mídia e poder'. Diogo é o melhor colunista brasileiro da atualidade. Coloca todos os demais facilmente no bolso. Tem o talento e a acidez sem pompa que Arnaldo Jabor adoraria possuir.

Tem a virulência certeira que Luis Fernando Verissimo jamais se atreveu a praticar. O seu estilo é uma mescla de informação, ironia e coerência na visão de mundo. Bem examinado, ele é um humorista. Os seus textos fazem rir. Um riso amargo. Esse humor extremo e original provoca reações contraditórias.

Os petistas o abominam por ideologia e ressentimento. Os liberais o adoram sem o compreender realmente. As mulheres o acham o maior gato. Os marmanjos o invejam ou fingem ignorá-lo. Paulista, Diogo vive no Rio de Janeiro.

Bom de literatura, optou pelo jornalismo de opinião na revista Veja. Crítico implacável da caipirice brasileira, deixou a Itália e voltou para casa sem nostalgia nem condescendência. Os paradoxos o acompanham e fazem dele um sucesso de mídia. Diogo Mainardi parece divertir-se.

Poucos no Brasil têm a sua capacidade de farejar a polêmica e de exercitar a provocação. Os críticos mais desesperados de Diogo Mainardi adoram afirmar que ele imita Paulo Francis. Os seus admiradores mais fervorosos adoram afirmar que ele é o novo Paulo Francis.

Os leitores costumam ter esse tipo de reflexo simplificador. Os meus inimigos adoram afirmar que eu imito Diogo Mainardi. Os meus admiradores mais fervorosos adoram afirmar que eu sou o Diogo Mainardi dos pampas. Cada um tem direito à sua dose cotidiana de bobagem.

Eu não me importaria de imitar Diogo. Mas prefiro simplesmente admirá-lo sem outra pretensão. Temos diferenças de pontos de vista. Diogo é mais coerente e sistemático. Tem posições firmes e claras. Não se deixa impressionar por nenhum tipo de sentimentalismo de classe.

Lulla vai odiá-lo para sempre. Pode fingir que não dá bola, fazer de conta que não o lê, pode bancar o forte e o indiferente, mas a marca do polemista está presente no seu dia-a-dia, a mordida é semanal, não há antídoto que o proteja. A editora Record publicará em outubro a nova coletânea de crônicas de Diogo Mainardi. São as crônicas do mensalão.

O homem vai cutucar novamente a anta com a vara curta. Até agora, Diogo não se enganou em nada quanto aos escândalos da república do boi de piranha. Por causa disso e de outras façanhas, tornou-se recordista em processos.

Todo mundo recorre à Justiça para tentar se vingar do seu veneno. O gaúcho Jorge Furtado, especialista em fazer filmes cada vez piores, mas sempre patrocinados, conseguiu arrancar uma grana da Veja como compensação por ter sido atingido por golpe de lucidez irônica e impiedosa.

Diogo Mainardi já ousou atacar muitos dos mais intocáveis mitos brasileiros. Debochou dos cariocas que aplaudem o pôr-do-sol. Mostrou o lado brega de Carlos Drummond de Andrade.

Se fizesse um estágio por aqui, certamente não perdoaria a jequice porto-alegrense que trata o nosso pôr-do-sol como o mais lindo do mundo.

Eu adoraria ler uma crônica sua sobre o pior de Mario Quintana. E outra sobre a Revolução Farroupilha, essa guerra civil que perdemos, assinamos um acordo de empate e comemoramos como se tivéssemos vencido. Viva o plágio!

juremir@correiodopovo.com.br

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