sexta-feira, 28 de setembro de 2007



Jaime Cimenti

A redenção de Judas

Jeffrey Archer é um dos romancistas mais populares do planeta. Grande contador de histórias, seus romances Caim e Abel, Filhos da Sorte, Falsa Impressão e Doze Pistas Falsas, entre outros, atingiram a incrível marca de 125 milhões de exemplares.

Formado em Oxford, participou como membro do Parlamento Britânico e, atualmente, compõe a Câmara dos Lordes.

Francis J. Moloney é considerado um dos mais conceituados estudiosos da Bíblia e, nos últimos trinta anos, figura como influente personagem no seio da tradição teológica católico-romana.

Por dezoito anos atuou como membro da Comissão Teológica Internacional para a Santa Fé e tem sido continuamente associado a seu superior, o cardeal Joseph Ratzinger, o papa Bento XVI.

Moloney pesquisou muito sobre o Novo Testamento e escreveu muitas obras. É Superior Provincial da Congregação Salesianos de Dom Bosco.

Os dois autores uniram-se em torno de um projeto arrojado e pretensioso: redimir a figura de Judas, estigmatizado como traidor e sempre criticado.

O Evangelho Segundo Judas, romance escrito por Archer a partir de um evangelho originalmente escrito por Benjamim Iscariotes, o primogênito de Judas, pretende apresentar a verdadeira história do apóstolo e do papel real que ele desempenhou na vida e na morte trágica de Jesus de Nazaré.

A confiável erudição de Moloney e a sedutora arte narrativa de Archer partem da inovadora idéia de que Judas não teria traído Cristo. Por acreditar que Jesus não era o Messias e saber que, por isso, seria assassinado, Judas teria pretendido tomar a defesa de Jesus.

A partir daí, uma visão mais humana de Jesus é apresentada e, segundo Archer, a visão de Judas é muito mais interessante do que a dos outros onze apóstolos. É um evangelho com um ponto de vista absolutamente novo, como se constata.

Segundo Bento XVI, o nome "Judas" provoca nos cristãos uma reação instintiva de crítica e condenação, e a traição dele permanece um mistério.

A obra original de Jeffrey Archer, sem dúvida, possibilita novas interpretações, novas visões e reflexões diferentes sobre aquela que é considerada a história mais famosa de todos os tempos e sobre as circunstâncias que a cercam.

Archer decidiu escrever uma história para leitores do século XXI, mas com o indispensável aval de Moloney, no sentido de que o resultado fosse digno da confiança de judeus e católicos do primeiro século.

O resultado, meticuloso, está aí. Tradução de Lílian Palhares, 112 páginas, R$ 31,00. Editora Bertrand Brasil, telefone 21-2585-2070 .

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