05
de dezembro de 2012 | N° 17274
PAULO
SANT’ANA
Explico o que é um
imbecil
Um
leitor me manda dizer que no programa Debates Esportivos, da Rádio ABC, de Novo
Hamburgo, no dia 29 de novembro último, o narrador Marco Couto ofendeu a mim e
ao colega Kenny Braga, chamando-nos a ambos de imbecis.
Quero
reconhecer, senhor narrador, que o senhor tem metade da razão.
Ou
não é um imbecil quem, como eu, fuma 60 cigarros por dia?
Ou
não é imbecil quem, como eu, acreditou piamente que o PT seria a restauração da
moralidade política no Brasil?
Ou
não é um imbecil quem, como eu, prega que se construam presídios decentes no
RS?
Ou
não é imbecil quem, como eu, jura que os cães das raças pitbull e rottweiler
não podem transitar no meio social?
Ou
não é um imbecil quem, como eu, prega há mais de 40 anos pelo rádio, pela
televisão e pelo jornal que sejam cercados os parques e as praças de Porto
Alegre?
Só
pode ser um imbecil quem pensa dessa maneira.
Quem
primeiro chamou a si próprio de imbecil fui eu, quando escrevi, há 20 anos, o
meu primeiro livro e, como muita gente me chamava de gênio, pus o seguinte
título na obra: O Gênio Idiota.
Naquele
instante, eu já tinha na mente um estudo psiquiátrico que li e dizia o
seguinte: “O idiota é ainda mais retardado que o imbecil. O imbecil tem idade
mental entre três anos e sete anos e quociente de inteligência (QI) de 25 a 50.
Já o idiota apresenta profundo retardo mental, com idade de três anos e
quociente de inteligência abaixo de 25, sendo incapaz de concatenar ideias”.
Logo,
senhor narrador da Rádio ABC de Novo Hamburgo, não me ofendo porque fui chamado
pelo senhor de imbecil, eis que outro estudo que possuo afirma categoricamente
que 50% das pessoas humanas são idiotas e os outros 50% que restam são imbecis.
Segundo
Dostoievski, pensar o contrário do que pensam os idiotas é essencial para que
se tenha ideia das características do imbecil.
Logo,
não resta nenhuma dúvida de que sou imbecil. Pena que quem tenha dado essa
notícia em primeira mão foi a Rádio ABC de Novo Hamburgo, que pelo narrador
Marco Couto transmitiu esse conceito sobre o meu quociente intelectual.
E só
pode ser um imbecil um sujeito como eu, que está escrevendo uma coluna inteira
sobre um suposto anátema que me foi lançado por um anônimo narrador do
Interior, embora eu esteja reconhecendo publicamente que o radialista, a meu
respeito, acertou em cheio.
E
parece que o radialista quis me ofender, apesar de eu não considerar, como se
viu acima, uma ofensa a palavra com que me brindou: imbecil.
Em
todo caso, nem lamento que hoje se torne em Novo Hamburgo a pessoa mais famosa
da cidade o meu pretenso ofensor, depois que os queridos leitores de NH leiam
esta coluna.
Tudo
que ele queria é que eu respondesse a ele.
E,
como sou um imbecil, estou respondendo.
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