sábado, 1 de dezembro de 2012



01 de dezembro de 2012 | N° 17270
PAULO SANT’ANA

Hora do elogio

Como ninguém me elogia, em represália vou passar a elogiar os outros.

Cumpro elogiar a colega Rosane de Oliveira, nossa cronista política de Zero Hora. Fiquei encantado com o texto que ela produziu anteontem sobre o julgamento do mensalão.

Sobre a pena atenuada que sofreu Roberto Jefferson, ex-deputado federal que denunciou o esquema criminoso, Rosane escreveu: “Dito assim, parece que Jefferson denunciou o esquema porque é um bom cidadão, um sujeito reto que não compactua com a falcatrua na política. Não é bem assim.

O chefão do PTB só botou a boca no trombone quando caiu o esquema de corrupção que o partido dele comandou nos Correios. Inconformado porque o PT não pagou os R$ 20 milhões que prometera ao PTB (os repasses ficaram em mais ou menos um quarto do valor combinado), Jefferson abriu as portas do inferno e deu a trilha para que a CPI dos Correios chegasse aos 40 indiciados.

É indiscutível que o ex-deputado, cassado na mesma leva de José Dirceu, prestou um serviço ao país ao denunciar o mensalão, mas isso não faz dele um herói. Seu partido recebeu do mesmo dinheiro sujo que outros aliados do governo Lula receberam. Cada um usou o dinheiro como quis, financiando campanhas ou melhorando a vida de seus dirigentes, mas são todos farinha do mesmo saco”.

Esplêndido resumo da colega Rosane de Oliveira sobre a origem do mais aparatoso escândalo da história da República.

Sinto orgulho de ser colega da Rosane de Oliveira, pela sua inteligência e pela qualidade de seu texto.

Vale elogiá-la.

Meu outro elogio é para o radialista Antônio Carlos Macedo, que está completando amanhã 10 anos na apresentação do programa Gaúcha Hoje, na Rádio Gaúcha.

Chega a ser espantoso o preparo dele na apresentação do programa. Vai recebendo os e-mails de ouvintes e as intervenções de seus colegas sobre as notícias ou opiniões dos fatos do dia e os aborda com extraordinário domínio sobre os fatos, o que demonstra que consome várias horas do dia para ilustrar-se sobre a atualidade.

Com boa voz radiofônica e conhecimento extraordinário sobre as nuanças da política, da administração pública e do futebol, tornou-se o mais completo analista de torrente radiofônica discursiva, mostrando-se preparado para improvisar a todo instante sobre os acontecimentos interessantes, às vezes repentinos, do noticiário do dia.

O Antônio Carlos Macedo leva o meu elogio mais profundo e sincero. Trata-se de um raro profissional da notícia e do comentário.

Porque não usufrui das luzes da televisão, a constância de sua boa atuação é muitas vezes injustamente não destacada, mas todos os dias as manhãs da Rádio Gaúcha são engalanadas pela proficiência da sua apresentação.

E quanto à carga pesada da sua opinião, na maioria das vezes ele está correto em suas observações, sendo raro que se equivo que nelas.

Ainda bem que há uma unanimidade entre seus superiores de que Macedo é um dos profissionais de jornalismo mais competentes que se conhecem em nosso meio.

Há que se reconhecer insistentemente o seu brilho.

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