sábado, 1 de dezembro de 2012



01 de dezembro de 2012 | N° 17270
NILSON SOUZA

Atualização

A Família Brasil já pode respirar aliviada: Verissimo despertou do seu longo sono, que nos deixou a todos com a respiração suspensa por uma semana. Conversei esta semana com dona Lúcia, sua diligentíssima esposa e loquaz porta-voz de seus silêncios. Ela me disse que as primeiras palavras do nosso genial cronista foram:

– Onde foi que eu parei? Me atualiza.

Eis o homem! Por isso nos inspiramos tanto neste profissional das letras que se transformou em referência de lucidez e humanismo para o país. Até mesmo quem não concorda com suas ideias tem que admitir o seu talento inigualável para expressá-las.

Sua internação provocou tamanha corrente de solidariedade que as pessoas deixaram de lado suas convicções: ateus rezaram por ele, gremistas torceram por sua pronta recuperação, até a direita do espectro político voltou-se respeitosamente para a esquerda.

Não sei o que a Lúcia contou para ele, mas foi uma semaninha desconcertante essa em que o nosso cronista saiu do ar. Começa que o Rubens Paiva ressuscitou. No sentido figurado, evidentemente, mas um segredo escondido durante mais de 40 anos veio à tona de maneira folhetinesca, a partir do assassinato de um coronel que guardava em casa arquivos da ditadura. Verissimo terá dificuldade de acreditar nisso.

As notícias de esporte ocorridas nesse período não são menos intrigantes para o nosso cronista adormecido: Mano Menezes conseguiu levar a Seleção a um título sobre a Argentina e foi demitido no dia seguinte; Koff e Odone se reuniram como velhos amigos; Fernandão caiu antes do previsto e o Inter... Talvez seja bom nem contar para ele.

Na seção escândalos, não faltam novidades. O mensalão não terminou, mas foi interrompido para a festa de posse de Joaquim Barbosa, que teve 2 mil convidados e canções do Tim Maia. Não, o Tim Maia não ressuscitou.

Era o ministro Luiz Fux cantando e tocando guitarra. Em seguida, Cachoeira foi solto. E a Polícia Federal grampeou novas falcatruas de gente ligada ao governo. A personagem do momento é uma tal de Rosemary, que deu a volta ao mundo com Lula e foi demitida por Dilma. Ou por dona Marisa, sei lá, está tudo tão confuso.

Pensando bem, espero que a Lúcia não tenha contado tudo isso para o marido convalescente. No mínimo, correríamos o risco de que ele reagisse como aquele personagem célebre de Jô Soares, um general acidentado que acordou depois de seis anos de coma e ficou sabendo que seus companheiros de farda não estavam mais no poder.

Verissimo, bem-vindo ao país da piada pronta.

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