21 de abril de 2016 | N° 18505
OLHAR GLOBAL | Luiz Antônio Araujo
11 de Setembro ainda constrange sauditas
Uma das questões mais espinhosas que o presidente americano, Barack Obama, terá de encarar em sua provável última visita à Arábia Saudita, iniciada ontem, está relacionada com o papel do país no 11 de Setembro. Começando do início: na manhã de uma terça-feira de outono, há quase 15 anos, três jatos atingiram alvos em Nova York e Washington, e um quarto, supostamente destinado a se chocar contra o Capitólio, caiu na Pensilvânia.
Logo se soube que 19 sequestradores tinham se apossado dos aviões. Desse total, 15 eram sauditas. Entre os quatro pilotos, havia um egípcio, um libanês, um iemenita e um natural dos Emirados Árabes Unidos. Os últimos quatro países haviam mantido relações difíceis com os Estados Unidos no passado recente, mas com a Arábia Saudita a história fora diferente. O Reino das Duas Cidades era o principal aliado americano na Península Arábica.
Logo depois do 11 de Setembro, uma massa considerável de informações sobre relações entre o reino e os sequestradores – todos a serviço da rede terrorista Al-Qaeda – veio à tona. Apesar das evidências de que cidadãos sauditas mantiveram contato com os sequestradores e de que houve ação deliberada do país para eliminar provas, os EUA nunca responsabilizaram formalmente o reino pelo ocorrido. Familiares de vítimas, porém, não se conformaram.
O Congresso examina um projeto de lei com apoio bipartidário que obriga o governo a divulgar todos os documentos sobre o caso, o que abriria caminho para ações judiciais milionárias contra Riad. Obama irá assegurar ao rei Salman que se opõe ao texto. Por quê? Com a proposta, “abrimos a porta para que indivíduos de outros países lancem continuamente ações legais contra os EUA”, diz o presidente. A viagem de Obama a Riad é mais um capítulo de uma manobra que já dura quase 15 anos: a tentativa de esconder o papel saudita no 11 de Setembro.
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