segunda-feira, 18 de abril de 2016


18 de abril de 2016 | N° 18502 
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA

DELÍCIA NETFLIX PRA VOCÊ

Master of None vale por um tubo de supercola grudando vocês no sofazão, podem testar. A série é original da Netflix e arrancou loas dos críticos americanos, pela singela virtude de retratar a vida como ela é, só que com leveza e humor, sem deixar de incluir as durezas que exigem da gente o supra citado humor para se conseguir levar tudo na boa.

Dev é um jovem nova-iorquino filho de imigrantes que vieram da Índia em busca do sonho americano para ele. O sonho até funciona, mas ele é um para os negros, outro para os asiáticos, outro o que eles chamam de hispânicos e um outro, mais dourado, para os brancos. Dev é brown, uma forma de não ser negro nem branco, em uma sociedade muito atenta a paletas de cores. Ele vive a sua vida tentando ser ao mesmo tempo um sujeito legal e um sujeito adaptado à dura selva americana em sua versão New York, uma forma de arte.

O que encanta em Master of None é a despretensão. Dev e seus amigos podem ser cínicos e encantadores, mas eles ao menos estão tentando ser bons amigos. Os amigos são parte do caleidoscópio americano. Uma negra gay, um taiwanês, um gigante suave chamado Arnold. Friends era branco e uniforme. Master of None é multicor e multiforme, sinal dos tempos, quem sabe.

Eu já escrevi que Girls, outra série semelhante, mas com garotas brancas de protagonistas, era Woody Allen menos o humor. Master of None é mais próximo do que Woody Allen ficou famoso fazendo: narrar Nova York, e narrar a vida, usando o humor como forma de lidar com o inlidável na vida, que é tão boa que acaba. Se eu fosse vocês, via.

Fica a dica.

Nenhum comentário: