segunda-feira, 4 de abril de 2016


04 de abril de 2016 | N° 18490 
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA

O OUTRO LADO


The Passing Bells é uma série sobre guerra, e não qualquer guerra, mas a Grande Guerra, a maior e pior coisa que os humanos já produziram nesse mundo tão cheio de guerras. O que a série tem que a torna algo para você ver é que ela mostra os dois lados, o de lá e o de cá. Filmes de guerra costumam se especializar em um dos lados. Eles costumam ser patrióticos ou críticos, apoiando ou denunciando o que um país fez em uma determinada guerra. The Passing Bells abre mão da crítica unilateral para criticar todos. Loucura é a guerra, não importando de que lado ela esteja.

A história não é de um, mas de dois jovens: um alemão e um inglês, que vão cumprir com o seu dever para com Deus e a pátria, com os mesmos motivos, as mesmas crenças, os mesmos ódios, as mesmas armas. O que eles descobrem, e a gente vê assistindo à série, é que mesmo quer dizer mesmo. Eles são tão iguais que não deveriam estar ali atirando um no outro. Deveriam estar jogando futebol, o que, aliás, os soldados dos dois lados fizeram, no Natal de 1915. Pararam de se matar e foram jogar bola, o que, aliás, deveriam continuar fazendo para sempre.

Isso assustou tanto os generais dos dois lados que os futebolistas foram enviados para algum outro lado da guerra, como castigo por terem ousado se comportar como humanos. Assim são as guerras e os generais.

A I Guerra Mundial começou em agosto de 1914 meio que por acaso. Todo mundo estava curtindo o verão numa boa em julho e, subitamente, acordou em guerra no mês seguinte. Foram quatro anos de horror, até a Alemanha ter que desistir, temporariamente, como sabemos.

Talvez o maior aprendizado que The Passing Bells tenha para nos dar, nesses momentos em que andamos um tanto guerreiros aqui no nosso querido Brasil, é que sempre existe um outro lado, e melhor do que atirar nele é compreender o que o move. Paz a gente faz com os outros, não conosco. Compreensão é parar para ouvir, dialogar, convencer, ou simplesmente respeitar. The Passing Bells está na Netflix e promove a paz. Vá e veja.

Fica a dica, como sempre, só que um pouco mais.

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