quarta-feira, 20 de abril de 2016



20 de abril de 2016 | N° 18504
EDITORIAIS

PROPOSTA INCONSISTENTE

Trata-se de uma aberração dentro da confusão política em que o país se encontra essa proposta de emenda constitucional sugerida por um grupo de senadores sob o pretexto de que o povo apoia o impeachment da presidente Dilma Rousseff, mas não quer ver o vice, Michel Temer, no poder. Ainda que as pesquisas do Instituto Datafolha venham sinalizando nesse sentido, não há por que mexer na Constituição para promover uma eleição precipitada, sem tempo adequado para as campanhas e para a preparação dos candidatos. Já temos eleições gerais programadas para outubro de 2018. Para que tumultuar ainda mais um processo que já está complicado?

O que cabe, agora, é a defesa da presidente no Senado e o julgamento parlamentar do pedido de impeachment. Se a Câmara Alta desaprovar, Dilma Rousseff completa o seu mandato. Se aceitar o pedido de afastamento, assume o vice-presidente, como determina a Constituição. O importante é que o impasse seja resolvido logo, para o Brasil voltar à normalidade.

Não há motivo para invencionices que possam resultar em situações ainda mais dramáticas do que a atual. As instituições estão funcionando normalmente, o debate político vem sendo travado dentro da legalidade e com a vigilância do Poder Judiciário. Ainda que a classe política deixe a desejar, incluindo os atuais ocupantes do poder e seus eventuais sucessores, todos os detentores de mandato foram eleitos democraticamente para os cargos que ocupam. Cabe aos cidadãos cobrar deles mais eficiência, melhor comportamento ético e mais responsabilidade para com o país. Não é preciso – nem desejável – mexer na Constituição para isso.

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