05 de abril de 2016 | N° 18491
DAVID COIMBRA
Peça ajuda, governador!
Chega, governador Sartori! Chega! As pessoas não aguentam mais. Os porto-alegrenses estão em pânico.
Assaltos, sequestros, tiroteios, roubos, arrombamentos, a violência tornou-se mais do que comum; tornou-se uma peculiaridade de Porto Alegre e de várias outras cidades do Estado.
Estou dizendo o óbvio, governador. Estou sendo banal.
Mas o fato de ser banal e óbvio não torna o que ocorre menos desesperador. E as pessoas estão desesperadas.
Vou agora, além de ser banal e óbvio, tornar-me repetitivo: todos sabemos da gravidade da crise econômica do Estado e sabemos que o senhor não é culpado pelo problema. Sabemos, também, que a solução do problema é complexa e que só será alcançada a longo prazo.
Mas algumas das consequências do problema o senhor terá de combater agora e com muito mais firmeza, governador. Duas em particular, que, inclusive, estão inter-relacionadas:
1. Os salários dos servidores não podem mais ser parcelados. Salário em dia é obrigação número 1 do empregador.
2. É preciso haver um ataque frontal e decisivo à crise da Segurança Pública. Como resolver essas questões?
Não sei qual é a resposta a essa pergunta, mas sei o que fazer quando dilema grave: procurar as outras pessoas. Nós precisamos das outras pessoas.
Peça ajuda, governador. Peça agora. Não espere mais.
Vá à TV e ao rádio e fale com os gaúchos. Reúna-se com lideranças da sociedade, convoque a Força Nacional de Segurança, chame o Exército, valorize os policiais e os juízes do Rio Grande do Sul.
A soberba não está entre os seus defeitos. O senhor tem grandeza suficiente para ser humilde, para dizer às pessoas:
“Ajudem-me a encontrar uma saída”.
Será um movimento histórico. Um líder político que se aproxima das pessoas não apenas antes da eleição, para reivindicar voto, mas durante o governo, para reivindicar participação.
Isso já aconteceu, e exatamente no Palácio Piratini. Em 1961, o governador Leonel Brizola convocou os gaúchos para assegurar a posse do vice João Goulart, depois da renúncia intempestiva do presidente Jânio Quadros.
Num tempo em que a TV tinha pouca penetração, Brizola valeu-se dos conhecimentos do técnico de som Hamilton Chaves, pai do grande Kadão, para instalar nos porões do palácio o estúdio da chamada Rádio da Legalidade. Ao mesmo tempo, ele se reunia com líderes da comunidade: conversava, falava e, importante, ouvia.
O Rio Grande do Sul uniu-se e evitou o golpe. E, naquele caso, era golpe de verdade, com ação direta das Forças Armadas, ameaças de prisões e sufocamento do Poder Legislativo.
Mobilizado pela liderança do seu governador, o Rio Grande do Sul levantou-se e enfrentou as armas de pelo menos parte do Exército. Brizola se consagrou. Seria sua maior façanha.
Repita seu antecessor, governador Sartori. Peça ajuda. Peça já. E lhe será dada.
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