sexta-feira, 15 de abril de 2016



15 de abril de 2016 | N° 18500 
DAVID COIMBRA

Uma boa notícia depois de domingo

O impeachment será aprovado, disso já sabem até os que falam “presidenta”. Está certo: escrevo dois dias antes da votação na Câmara e, no Brasil, fatos inverossímeis explodem de meia em meia hora. Então, tudo é possível. Mas não provável. O provável é a vitória do impeachment. Arrisco inclusive um palpite: 383 votos pelo sim.

O que vai acontecer depois? Essa é a pergunta que baila e freme em todas as mentes brasileiras.

O PT acabou, isso digo há mais de ano. Mas os petistas, não. Eles não vão desaparecer com a morte do PT. E não vão mudar de ideia. Eles estão fanatizados. Mesmo com as péssimas administrações de Lula e Dilma, que não produziram uma única mudança estrutural positiva, mesmo com o atraso do país, mesmo com os escândalos de corrupção borbulhando esgoto afora, assombrando o mundo inteiro e revoltando 90% da população, mesmo assim eles continuam com a balela de governo dos pobres combatido pela elite branca.

Quer dizer: não será a cassação de Dilma que fará com que essa parcela do Brasil pare de acalentar uma romântica luta de classes e pare de tentar tomar o Estado a fim transformá-lo em instrumento. Veja o caso exemplar de Chico Buarque: um homem inteligente, um grande artista, e completamente cego de paixão. Se Chico Buarque pensa as bobagens que pensa, imagine os outros, os Gregórios da vida...

Logo, a paz não retornará às redes sociais, aos grupos de WhatsApp e às mesas de bar.

A corrupção também não será estancada com o estancamento do PT. Se é verdade que petistas coordenaram e aperfeiçoaram o atual esquema, é verdade também que o esquema não é atual nem exclusivo do PT; é antigo, disseminado por praticamente todos os partidos e entranhado nas relações dos governantes com os empresários.

É desanimador dizer tais coisas, mas a realidade é que nada mudará radicalmente com essa mudança radical.

Porém, há uma notícia boa. E essa notícia pode ser resumida em uma única palavra: Punição. Esses governantes que estão sendo punidos, não estão sendo punidos por sua óbvia incompetência.

Estão sendo punidos porque infringiram a lei.

Isso aconteceu no caso de Collor, só que naquela oportunidade foi mais fácil. Collor estava sozinho, não havia uma rede de organizações e de crentes apoiando-o.

Agora, o Brasil sente dor. Agora, o Brasil sofre.

O que, ao invés de ser ruim, pode ser ótimo. Talvez, a partir de agora, ocorra uma mudança de baixo para cima. Talvez o Brasil se transforme num país em que os atos tenham consequência. Talvez todos compreendam que estão, de fato, sob a lei, sejam grandes empresários, grandes políticos ou humildes escrevinhadores.

Talvez. Mas, para que isso aconteça, nós brasileiros temos de tomar cuidado com o símbolo dessa mudança: a Operação Lava-Jato.

A Operação Lava-Jato não pode sofrer nenhum golpe, não pode ser contida ou atenuada. Os brasileiros temos que ficar atentos para que os novos donos do poder não tentem nada contra a Lava-Jato. Esse é um ponto de união entre petistas e antipetistas, entre os vencedores e os derrotados de domingo: a preservação da Lava-Jato. A defesa da Lava-Jato é a defesa da esperança.

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