22 de abril de 2016 | N° 18506
DAVID COIMBRA
A condenação de Dilma não é injusta
Os intelectuais governistas brasileiros, lídimos integrantes da elite branca, engordada a leite condensado e Bib’s, esperavam que a Câmara dos Deputados do Brasil fosse a Câmara dos Lordes Britânica. Ficaram chocados ao constatar que, entre os brasileiros, há gente cândida, que cita Deus e família numa votação, e também gente sem caráter algum, como o obsceno deputado Bolsonaro, capaz de homenagear um torturador da ditadura, envergonhando seu país diante do mundo inteiro.
Além dessa visão higienista do mundo, os intelectuais também esperavam, ou fingiam esperar, que a Câmara fizesse um julgamento técnico da presidente. Deve ser fingimento mesmo, porque se trataria de desconhecimento de como funciona a democracia. O julgamento pelo Congresso é como o julgamento pelo júri – depende da convicção, não da técnica jurídica. Dilma será julgada tecnicamente, pelo TSE e pelo STF, e é certo que será condenada, porque há várias denúncias de que sua campanha foi feita com dinheiro de propina, entre outras.
Dilma, agora, pensando em como será vista pela posteridade, tenta se vitimizar, corre aos Estados Unidos para gritar que foi injustiçada. Não foi. Porque não foram apenas as pedaladas fiscais que a condenaram. Foram os seguintes fatos:
1. A Petrobras foi saqueada em pelo menos R$ 29 bilhões nos governos do PT – isso é fato, dinheiro já foi devolvido à Justiça, há confissões e condenações.
2. Há escândalos de corrupção na Eletrobras, no BNDES, nos fundos de pensão dos Correios e nas obras da Copa do Mundo – isso é fato.
3. Dos ministros de Dilma, pelo menos 20 enfrentam algum tipo de pendência judicial – fato.
4. Seiscentos mil lotes de terra foram doados criminosamente a quem não podia ganhá-los por meio da Reforma Agrária – fato.
5. A compra da usina de Pasadena talvez tenha sido o pior negócio do mundo, em tempos modernos. Uma usina que valia menos de US$ 50 milhões foi adquirida por mais de US$ 1,2 bilhão – fato.
6. Dilma mentiu na campanha eleitoral, fato admitido inclusive por Lula.
7. Para se reeleger, Dilma contraiu empréstimos irregulares e manipulou o Orçamento da União – fato.
8. As campanhas de Dilma e de Lula foram financiadas por dinheiro de propina, segundo várias delações – fato.
9. Dois tesoureiros do PT e o mentor intelectual de Lula e articulador do governo, José Dirceu, foram presos por corrupção – fato.
10. O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral, foi preso e delatou inúmeros crimes cometidos pelo governo que liderava – fato.
11. Empresários da OAS, AG, Odebrecht e outras empreiteiras admitiram ter pago propina a integrantes do governo, fossem eles do PT ou de outros partidos da base – fato.
12. O governo concedeu “empréstimos amigos” para ditaduras, empréstimos esses arranjados pelo ex-presidente Lula no BNDES, que serviam para pagar empreiteiras brasileiras que o contratavam para palestras – fato.
É um conjunto de crimes suficiente para derrubar 10 Collors. Aliás, falando em Collor, lembro que não foram fidalgos que o cassaram. Foram homens do mesmo extrato desses que hoje cassam Dilma.
O atual governo tem de ser punido pelos crimes que cometeu. Se não o for, aí é que está a injustiça. Que outros, se fizerem igual, o sejam também.
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