14 de abril de 2016 | N° 18499
COMPORTAMENTO
SE DIGITAR, NÃO DIRIJA
USO DO SMARTPHONE ao volante é considerado tão perigoso quanto consumir álcool antes de pegar o carro. Pesquisas no mundo todo tentam demonstrar os riscos deste hábito tão aceito pela sociedade.
Comparar o uso da bebida ao do smartphone pode fazer pouco sentido. Para quem dirige, as medidas são distintas: o motorista pego usando o celular leva a sanção mais branda e não tem o direito de dirigir suspenso. Mas com a popularização de smartphones e carros cada vez mais tecnológicos, o enfrentamento e a abordagem aos dois problemas, para os especialistas, não deveriam ser tão diferentes quando se analisam os riscos. Dentro de um carro, a tecnologia pode ser tão fatal quanto o álcool.
– No sentido do efeito e no dano potencial, sem dúvida – afirma Flávio Pechansky, psiquiatra e diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS.
O pesquisador está à frente de estudos feitos no Estado com o chamado “drogômetro”, que detecta substâncias como maconha e cocaína por amostra de saliva.
Pechansky cita pesquisas que comparam os efeitos das distrações causadas pelas tecnologias e pelo consumo de álcool. O neurocientista americano David L. Strayer, da Universidade de Utah, estuda há mais de uma década os riscos das distrações ao volante, que incluem falar ou digitar. Ele usou um simulador para comprovar que conversar ao celular pode ser tão perigoso quanto beber e dirigir. O estudo, publicado em 2006, é referência sobre o tema.
Ainda que apresentassem comportamentos diferentes ao volante – aqueles que consumiram a dose de álcool permitida por lei nos EUA eram mais agressivos –, a capacidade de dirigir, em ambos os casos, era prejudicada.
– Drogas, álcool e tecnologia atuam nas funções essenciais para dirigir. Todos diminuem a concentração, prejudicam o raciocínio, o tempo de reação e a percepção do motorista. E visão e audição são desviadas – diz Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diretor de Comunicação do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).
paula.minozzo@zerohora.com.br
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