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segunda-feira, 18 de abril de 2016
18 de abril de 2016 | N° 18502
DAVID COIMBRA
Fora, Temer
Às vésperas do segundo turno para presidente, em 2014, escrevi que se encerrava, naquele momento, o mais triste processo eleitoral da história do Brasil.
Agora está se encerrando o mais triste episódio político da história do Brasil.
O pior governo brasileiro de todos os tempos sendo deposto pelo pior parlamento brasileiro de todos os tempos.
O que resta disso tudo?
Resta tudo. Resta o Brasil inteiro, ainda que dividido.
Restam uma jurisprudência, um método de ação e, sobretudo, uma advertência. A advertência é a seguinte: Agora tem consequência. Autoridades, homens públicos, senhores governantes: façam direito, porque agora tem consequência.
A queda do PT é simbólica e importante exatamente pelo apoio que tem o PT. O PT não é o partido dos pobres: é o partido dos intelectuais. Ou seja: de gente com influência. É também o partido que estabeleceu as alianças mais estreitas com os grandes empreiteiros e os grandes banqueiros. Ou seja: gente com dinheiro. E ainda é o único }partido que amarrou laços de colaboração com governos de outros países. Ou seja: gente com prestígio internacional.
Mesmo assim, o PT caiu.
E não caiu pelas pedaladas fiscais. Caiu porque os governos do PT se beneficiaram da corrupção. Não fosse isso, não cairia. Não fossem as revelações da Lava-Jato, a indignação popular e a desfaçatez das reações do governo, como a nomeação de Lula para o ministério, a fim de lhe dar privilégio de foro, não fosse por isso, Dilma continuaria na Presidência.
O Congresso foi um instrumento da vontade popular, ainda que seja “este” Congresso, um Congresso formado por vários deputados que são acusados pelos mesmos crimes do governo que condenaram.
Assim, aconteceu como deveria acontecer.
Mas, a partir deste momento, as atenções devem ser concentradas em Michel Temer.
Se houver relações espúrias com empreiteiros;
Se houver negócios absurdos, como a compra de Pasadena;
Se houver “empréstimos amigos” e perdão de dívidas a ditaduras;
Se houver concessões criminosas de terra a quem não precisa, maculando a Reforma Agrária;
Se houver mau uso de bancos públicos, fundos de pensão e empresas estatais;
Se houver algo parecido, comecem tudo de novo. Tudo: a pressão, as investigações, a revolta. Como diziam os Beatles, nós podemos fazer isso funcionar. E, como disse Jefferson, o preço da liberdade é a eterna vigilância.
Eles têm de sentir medo de errar. Eles têm de saber que o olhar da população está sobre eles dia e noite. Eles precisam ter consciência de que o homem público deve mais explicações sobre sua conduta do que qualquer outro homem.
Que sejam vigiados eternamente. Que eternamente sejam cobrados. Se fizerem certo, aplausos. Se fizerem errado, fora! Seja quem for, com a imagem e o poder que tiver.
Michel Temer, daqui a alguns dias você tomará o poder pelo qual tanto conspirou. Mas tenha cuidado. Porque, se não tiver, será simples. O Brasil gritará: FORA, TEMER!
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