segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016



01 de fevereiro de 2016 | N° 18432
ARTIGOS - CLÁUDIO BRITO*

CULTURA POPULAR


Nem tudo se perdeu. Ainda há quem reconheça o Carnaval como autêntica manifestação cultural, apesar da discriminação e do ranço de alguns, que aplaudem suspensão ou cancelamento de eventos carnavalescos, alegadamente por falta de recursos financeiros e necessidade de atendimento de outras prioridades. Dito assim, com tamanha simplicidade, parece mesmo que a verdade estaria onde estivesse o fim do Carnaval. Agora, no entanto, uma voz bradou em favor da cultura popular. O Conselho Estadual de Cultura emitiu nota sobre o tema, manifestando inconformidade com a política de cancelamento da festa de Carnaval por parte de algumas prefeituras.

Os conselheiros culturais de nosso Rio Grande reconheceram que o Carnaval “é a manifestação maior e mais original da cultura brasileira! Pertence à alma da nação! Por isso, o não incentivo dos poderes constituídos a sua execução se constitui em um grave equívoco administrativo, político e cultural”. A nota oficial trouxe a forma vibrante que os pontos de exclamação querem significar.

É oportuno lembrar que o Conselho tem a estatura que lhe confere a Constituição do Estado, destinando-lhe deveres e prerrogativas para exercer a gestão democrática da política cultural, pelo desempenho de funções que ensejam ao órgão o poder de estabelecer diretrizes e prioridades para o desenvolvimento cultural do Estado, cabendo-lhe fiscalizar a execução dos projetos culturais e aplicação de recursos. 

Bem se vê que se agiganta a posição dos nossos conselheiros culturais ante o Carnaval, pois é mesmo deles a atribuição de fixar rumos para a cultura entre nós. Por isso é que é ao menos um equívoco político a decisão de suspender festejos carnavalescos, se não for mais que isso. Para mim, alguns prefeitos fizeram demagogia em anunciar que, “em nome da saúde e de outras prioridades, o Carnaval está suspenso”. 

Quero saber dos números depois, para ver quem terá salvo a saúde pública pelo fim dos desfiles de escolas de samba, blocos e cordões. Ressaltem-se casos como os de Porto Alegre e Uruguaiana, que, mesmo enfrentando as dificuldades que a crise atual impõe a todos, encontraram saídas, reduziram o aporte de recursos, mas, em momento algum, cogitaram afrontar a cultura popular do Carnaval, agora reconhecida como a maior e mais original manifestação da cultura brasileira.

Jornalista* 

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