quinta-feira, 3 de março de 2011


ELIANE CANTANHÊDE

Palhaçada

BRASÍLIA - "Vocês confundem o palhaço no trabalho lá com aqui. Aqui é outra coisa."

A frase é do deputado Tiririca, lépido, fagueiro, recém-alfabetizado e sentado na primeira fila na instalação da Comissão de Educação. Ele tem meia razão. Estamos mesmo confundindo os palhaços de lá, de cá e do Congresso. É outra coisa?

Se fosse só o Tiririca, tudo bem, porque ele tem a legitimidade de deputado mais votado do país. O problema é que a palhaçada é geral, com Paulo Maluf, Newton Cardoso, mensaleiros e fichas-sujas suprapartidariamente acomodados na comissão especial que vai... analisar a reforma política!

O Tiririca é um fenômeno novo, mas Maluf é um velho fenômeno da política brasileira, que consegue ser incluído ao mesmo tempo na lista de procurados da Interpol e na de membros da comissão que vai definir, por exemplo, financiamento público de campanha e moralização da atividade política.

Por falar nisso, o deputado João Paulo Cunha assumiu a presidência da estratégica Comissão de Constituição e Justiça, a CCJ, chamada de "mãe de todas as comissões". Ninguém é considerado culpado até prova em contrário, mas igualmente ninguém deve presidir a CCJ da Câmara enquanto réu num processo no Supremo Tribunal Federal. Não é pedir muito, vai!

Sem falar que o presidente da Comissão de Meio Ambiente é o deputado gaúcho Giovani Cherini, que é... ruralista. Lobos, galinheiros, palhaços, fichas-sujas e réus. Virou ou não uma palhaçada?

E, depois, os caras ainda reclamam quando a gente fala mal!

Gaddafi deixou o governo brasileiro perplexo e sem reação ao dizer que os Bric vão cobrir o vácuo de bancos e empresas que saiam da Líbia. Presepada ao gosto de Chávez, um dos últimos apoios ao amigão líbio.

O contorcionismo dos chavistas para explicar isso e defender Gaddafi é constrangedor.

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