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sábado, 5 de março de 2011
05 de março de 2011 | N° 16630
ANTONIO AUGUSTO FAGUNDES
Scliar
Não havia quem não gostasse do Moacyr Scliar. Uma vez, nesta coluna, falei muito com ele sobre as piadas étnicas, tendo em vista que ele, porto-alegrense do Bon Fim, conhecia muito bem as piadas de judeu. Nossa posição a respeito da importância das piadas étnicas (para o folclore e para a antropologia) parecia discordante. Mas não. Uma vez escrevi:
“O Moacyr Scliar é um homem brilhante e nos enche de orgulho, porque é gaúcho. É um médico sanitarista renomado, escritor laureado, imortal da Academia Brasileira de Letras e uma pessoa extremamente amável e simpática. Recentemente publicou um artigo anatematizando as chamadas piadas étnicas as quais, segundo ele, são geradoras de preconceitos e estariam até na base de genocídios que causaram tanta dor e tanta vergonha ao mundo.
Com todo o respeito – tenho uma admiração ilimitada por Scliar –, ouso apresentar a minha posição discordante. Em aulas e cursos sustento que essas piadas, que fazem parte do nosso folclore, são uma espécie de enzima para metabolizar no corpo social uma situação potencialmente constrangedora. Ou seja, para tornar palatável um fato que, sem a alegria da piada, geraria desconforto e constrangimento.”
Aí ele me respondeu: “Meu caro Fagundes, em primeiro lugar uma ratificação: eu não era imortal, eu me tornei depois de ter sido citado na tua brilhante coluna, que nunca perco. Isto, sim, é a glória, e eu te agradeço com muita emoção. Ainda não terminaste o comentário (e sábado que vem vou madrugar para te ler), mas quero te dizer que, na verdade, estamos de acordo. Como tu, eu não sou contra o humor étnico; afinal, editei um livro sobre humor judaico, com dezenas de historinhas.
Mas, como tu, parto do princípio que “rir de si mesmo é o sempre salutar”. Isto é: quando o humor étnico é endossado pelo próprio grupo que o inspira, ótimo. O problema ocorre quando este humor é pretexto para a agressão, para a grosseria (e tu sabes que nós, gaúchos, às vezes somos alvos preferenciais). É bom que as pessoas tenham isso presente, para que não transformem os outros em válvula de escape. Continua iluminando o RS e o Brasil com teu talento e teu conhecimento, e recebe o abraço deste fã de sempre, o Moacyr Scliar.”
O homem tinha muita classe. Uma vez viajamos para umas palestras em Lajeado. Ele ria muito das bobagens gauchescas que eu dizia. No final, o intelectual lajeadense que nos convidara nos levou a um restaurante muito fino. Após o cafezinho, nosso anfitrião disse que ia pagar a conta. Eu gritei: “Deixa!”. Surpreso, o alemão se virou: “Sim?” . E eu:“Deixa tudo pago, alemão!”.
Moacyr quase se engasgou de rir naquele jeito dele. Grande e querido amigo. Vai fazer falta.
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