Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 8 de novembro de 2008
08 de novembro de 2008
N° 15783- NILSON SOUZA
Seu Quimbinha
O jardineiro do meu bairro é mais conhecido por sua capacidade de puxar conversa com qualquer pessoa que passe por perto do que propriamente pelo seu nome. Na verdade, pouca gente sabe como ele se chama. Mas não há quem não tenha ouvido por vários minutos suas histórias intermináveis. Ele adora falar. Se vê alguém passando do outro lado da rua, logo põe de lado a tesoura de podar e parte para o monólogo, pois nem dá tempo para o interlocutor responder.
O que ele quer – e talvez seja também o que a maioria de nós ambiciona – é ser ouvido. Na impossibilidade de sequer perguntar o nome do homem, meu sobrinho apelidou-o de Seu Quimbinha.
Sei lá de onde tirou o apelido, mas acredito que também essa reação vem de uma necessidade atávica que temos de dar nome às pessoas com as quais nos relacionamos e também às coisas que nos rodeiam. “Faça-se a luz” – disse o Deus bíblico. Mas a luz só se fez quando ele a chamou de Dia e às trevas de Noite. E assim ele foi criando e nomeando as coisas que criava, os animais, as plantas, o mar, a terra, as estrelas, as flores e os jardins, que Seu Quimbinha cuida com tanto carinho.
Temos necessidade de saber o nome das coisas para conviver melhor com elas. Quando não sabemos, inventamos. Somos especialistas, por exemplo, em apelidar nossos semelhantes. Mas também nomeamos objetos, situações e até mesmo as piores ações humanas, como as guerras.
Quem não lembra da Tempestade no Deserto? Ou do Dia D? Pois diante desta explosão de criatividade, soa meio como Polícia do Pensamento a tentativa do presidente do STF de boicotar os imaginativos nomes que a Polícia Federal dá às suas operações.
Tudo bem que ele condene excessos no uso de algemas ou de escutas telefônicas. Mas emitir uma sentença contra a criatividade é um pouquinho demais, mesmo para um ministro da Corte Suprema.
E os tituladores da PF têm se revelado mestres na arte de nomear suas operações. Só neste ano de 2008, já tivemos pérolas como Arco de Fogo, Desvio Químico, Integrada Afrodite, Telhado de Vidro, Pinóquio, Fariseu,
Pasárgada, Auxílio-Sufrágio, Neve no Cerrado, Serpente Negra, Bicho Mineiro, Psicose, Linha Cruzada, Arca de Noé, Data Venia, Estranho no Ninho, Alienígena e Cana Brava, entre dezenas de outras.
É matéria para as conversas de Seu Quimbinha, não para o Supremo.8
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