sábado, 8 de novembro de 2008



09 de novembro de 2008
N° 15784 - PAULO SANT’ANA


O presságio da crise

Há no ar, entre as pessoas mais responsáveis, um mau presságio para 2009.

Será que a passagem do ano será marcada por nuvens sombrias a respeito da economia brasileira e mundial?

Estava tudo indo tão bem, agora mesmo se divulga que 2,4 milhões de gaúchos atingiram o número de trabalhadores com carteira assinada!

Apesar de um arrocho salarial nunca visto, em que centenas de milhares de servidores estaduais não têm reajuste em seus vencimentos – alguns, como na área da segurança pública, há 13 anos sem verem seus ganhos corrigidos –, o governo do Estado conseguiu a façanha de botar em dia as suas contas com os fornecedores.

E até parece que a governadora Yeda Crusius destinou R$ 200 milhões para pagar os abandonados precatórios!

Li que alguém importante perguntou como é que a governadora tinha obtido o milagre de tentar começar a pagar os precatórios.

Não é milagre: basta miserabilizar o funcionalismo público.

Não quero afirmar que a miserabilização dos funcionários estaduais é obra deste governo, todos sabemos que sucessivos governos estaduais jogaram o funcionalismo nesta situação de penúria e marginalização.

Mas não surpreende que haja até recursos para pagar precatórios, os governos perceberam que o segredo para manter um certo equilíbrio nas suas contas é esfolar o funcionalismo. O funcionalismo não tem mais voz e não tem mais reação.

Mas estávamos indo bem, todo mundo trabalhando, talvez não tendo ganhos animadores, mas dando para os gastos.

E de repente estourou esta crise financeira internacional que ameaça agora o Brasil.

Dizem que os efeitos espúrios dessa crise se derrubarão sobre a nossa economia nos próximos meses.

Mas como é injusta esta globalização! Nada fizemos como país e como cidadãos para pagar qualquer preço alto por esta crise.

E, no entanto, estamos todos ameaçados por ela.

Agora é que se vê que a par da competência do governo Lula, ele foi ajudado nos seis últimos anos pela serenidade dos mercados internacionais.

E, agora, inicialmente com otimismo por parte do governo no sentido de que a crise não atingiria o Brasil, vê-se, no entanto, que estamos na crista da onda dos problemas.

E vemos o nosso fim de ano, o nosso Natal e Ano-Novo assinalados pelos ruins presságios de que podemos ingressar num período de recessão e desemprego.

Se os Estados Unidos vão no rumo do fim de ano engolfados em grave e inédita crise econômica, imaginem nós, no Brasil!

Que coisa chata este presságio.

E só resta rezar para que ele não se materialize.

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