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quinta-feira, 1 de maio de 2008
01 de maio de 2008 | N° 15588
Paulo Sant'ana
Choro e ranger de dentes
Acabou a farra consumista: o governo aumentou ontem os combustíveis em 10%. Haverá choro e ranger de dentes.
Foi levado em conta para o tarifaço que vai fortalecer a onda inflacionária que nos domina nos últimos meses o aumento contínuo que vem sofrendo o preço do barril de petróleo.
Mas não foi levada em conta a sucessiva onda de queda do preço do dólar que vem se verificando também há muitos meses.
E foi o governo que nos fez crer que dois fatores eram exercidos sobre o preço dos combustíveis: o preço do barril de petróleo e o preço do dólar.
Só levou em conta um deles.
E os brasileiros que se ralem.
A partir de hoje, está decretado um inferno para os consumidores no preço dos combustíveis.
Voltou o inferno. Reparem bem o que acontecerá hoje pela manhã. Haverá postos de gasolina que encostarão nos R$ 3 o preço do litro de gasolina, um roubo.
No Interior, haverá exploradores que cobrarão até R$ 3,40 por litro. Ou mais.
Vai voltar o tempo aflitivo da cartelização. E a redação do jornal aqui vai bater recorde em reclamações dos consumidores.
O anúncio do ministro da Fazenda foi o seguinte: aumento de 10% no preço dos combustíveis na refinaria, mas diminuição em cerca de 40% no imposto sobre a gasolina, a contribuição denominada Cide.
E disse o ministro da Fazenda que assim não haverá ônus sobre o consumidor.
Não haverá? Então ele que verifique hoje pela manhã o aumento nos postos! E vai se assustar.
Nesses anúncios governamentais sobre preço dos combustíveis, eu sou cético. E sempre deu certo meu ceticismo. Quando o governo anunciava aumento de 10% no preço dos combustíveis e afirmava que iria refletir somente 5% nos bolsos dos consumidores, não era nada disso que acontecia. O aumento era muito maior do que o calculado pelo governo.
E assim vai ser a partir de hoje. Haverá choro e ranger de dentes. E haverá cartelização descarada a partir de depois de amanhã, se não for a partir de hoje.
Os tempos vão ser difíceis a partir de hoje. Porque já antes desse tarifaço nos combustíveis o aumento que vinha se verificando nos alimentos em geral era assustador.
De tal sorte que o IGPM, que mostra a taxa de inflação, bateu em 100% sobre o índice oficial.
Imaginem agora com este tarifaço nos combustíveis o que vai acontecer com os alimentos e todos os outros itens de consumo.
Vai haver uma grita geral. Choro e ranger de dentes.
Já sei que vão se derrubar sobre minha mesa e computador protestos generalizados vindos de todo o Rio Grande.
É a pior notícia que poderiam ter-nos dado.
E é de dar pena nos assalariados, nos funcionários públicos que estão com os vencimentos congelados.
É de dar pena. A vida vai ficar muito difícil.
Pobres assalariados. Estou falando isso porque se sabe que aumento nos combustíveis se reflete em todo o custo de vida.
Esperem pelos próximos dias e constatem a gritaria desesperada que vai partir dos lábios dos oprimidos por esse tarifaço.
Vai causar dor e depressão.
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