sábado, 13 de fevereiro de 2021


13 DE FEVEREIRO DE 2021
J.R. GUZZO

Epidemia dentro da epidemia

Trata-se de algo que já ficou evidente há muito tempo, mas estudos recentes estão insistindo, cada vez mais, na multiplicação, na variedade e no agravamento dos problemas mentais causados pelo tratamento que os governos e as autoridades médicas estão dando para a covid-19. É como se houvesse uma epidemia dentro da epidemia.

Agravar diariamente o pânico da população, com a repetição maciça de advertências, alarmes e ameaças sobre o risco fatal que todos estariam correndo, sem exceção, é um fator-chave para a propagação de distúrbios psicológicos. E forçar as pessoas a ficar "em casa" e dificultar ao extremo as possibilidades de uma vida normal é uma fórmula altamente eficaz para garantir o desequilíbrio nervoso de uma parte importante da população - a começar pelas crianças.

Os militantes do "distanciamento social" por tempo indeterminado dizem todos os dias que a população, dos dois anos de idade até os cem, deve se limitar, como dever cívico, moral e "científico", a não se envolver em nenhuma atividade que não seja "essencial". Qualquer zé mané vive repetindo esse mantra - governadores, prefeitos, promotores públicos, juízes de direito, guardas municipais e toda essa multidão de "cientistas" que os governos penduraram à sua volta. Qual a autoridade ou o conhecimento que cada um deles tem para definir o que é "essencial"?

As principais vítimas do fanatismo no trato da covid-19 têm sido as crianças. Todos os sábios descritos acima decidiram, para o bem comum, trancar as crianças numa prisão; há um ano não podem ir à escola, não podem brincar, não podem chegar perto de outras crianças (nem de adultos), não podem ir ao playground, não podem fazer nada. São ameaçadas o tempo todo: "Você vai matar o seu avô se não ficar quieto". Para eles, a vida tem de se resumir à tela do joguinho, ao "ensino remoto" e ao delivery. Como alguém pode esperar que um negócio desses vá dar certo?

Esses campos de concentração domiciliares criados pelos "gestores" da epidemia não atingem por igual a todas as crianças. O estrago maior está sendo feito da classe média para cima; os pobres já têm o seu próprio inferno permanente. Seus pais não podem ficar "em casa", pois precisam trabalhar todo dia para garantir o "essencial" da turma que manda.

O preço do confinamento está sendo cobrado, além da devastação econômica, da perda de empregos e de outras desgraças, numa infecção alarmante de casos de estresse, ansiedade, medo, apatia, agressividade, neurastenia, paranoia, egocentrismo e todo o resto da extensa coleção de males que preocupam a psiquiatria. Os líderes e crentes da quarentena alegam que tudo isso é um mal necessário, que deve ser aceito para "salvar vidas". É falso. O confinamento radical não impediu que o Brasil chegasse às 250 mil mortes desde o início da epidemia; é um remédio inútil e responsável pelos piores tipos de efeito colateral.

*Conteúdo distribuído por Gazeta do Povo Vozes - J.R. GUZZO

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