quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021


24 DE FEVEREIRO DE 2021
DIÁRIOS DO MUNDO

Mais vacinas = Menos restrições

Os cenários em alguns países começam a mostrar como o avanço da vacinação contra a covid-19 se reflete na redução dos casos de hospitalização - e, consequentemente, na flexibilização gradual das regras de confinamento. Em terceiro lugar no ranking da Universidade de Oxford e primeira nação do Ocidente a começar a imunizar a população, o Reino Unido administrou até agora 27 doses a cada cem habitantes. O governo planeja reabrir as escolas no próximo dia 8. Estéticas, cabelereiros e lojas não essenciais, além de lugares que vendem refeições ao ar livre, devem retomar as atividades em 12 de abril. Restaurantes e pubs poderão atender a partir de 17 de maio.

O país vive o terceiro lockdown - mas o primeiro acompanhado de vacinação em massa. A combinação das duas estratégias levou ao declínio da curva de infecções. Só na Escócia, uma das regiões que com Inglaterra, Pais de Gales e Irlanda do Norte formam o Reino Unido, o risco de hospitalização caiu 85% entre a população com mais de 85 anos após a primeira dose da vacina da Pfizer, segundo um consórcio do sistema de saúde britânico com cinco universidades.

Portugal, país que no ano passado foi exemplo de contenção do coronavírus e, em janeiro, viveu um pico da doença, agora, volta a observar dados positivos. Segundo a Direção Geral de Saúde, houve queda muito significativa de novas infecções. O país registra o índice de transmissibilidade mais baixo desde o início da pandemia - e o menor em toda a União Europeia (UE). Conforme o governo, no entanto, ainda é cedo para aliviar o lockdown. A população está confinada desde 15 de janeiro. O país administrou até agora 6,67 doses por 100 habitantes.

A Espanha saiu esta semana da situação de risco extremo - e a incidência acumulada de 14 dias está situada em 235 casos por 100 mil habitantes, abaixo dos 250 no momento de alerta máximo no início do ano.

Os números positivos devem-se à combinação da vacinação com confinamentos em maior ou menor graus - variando em cada uma das comunidades autônomas. Em algumas regiões, as medidas de restrição já foram flexibilizadas. A partir de sexta-feira, na Galícia, reuniões com até quatro pessoas serão permitidas. A rede hoteleira será reaberta. A comunidade de Valência também pensa em relaxar as restrições aos finais de semana a partir de março. Conforme o governo central, a expectativa é de que 70% da população do país esteja vacinada até o verão (junho e julho, no hemisfério norte). O país imunizou até agora 6,61% da população.

Em Israel, nação que se aproxima de vacinar 90% de sua população com ao menos uma dose (leia abaixo), a taxa de infecções por covid-19 caiu 95,8% entre as pessoas que receberam as duas doses. Aos poucos, o país do Oriente Médio também amenizará as medidas de restrição, permitindo que escolas e lojas reabram a partir do próximo domingo.

Nos Estados Unidos, apesar do número trágico de 500 mil mortos ao qual o país chegou na segunda-feira, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) informou que os óbitos estão em seu nível mais baixo desde dezembro, com queda de 39% na média dos últimos sete dias de novos casos diários. A imunização foi acelerada no país - 19,39% da população recebeu ao menos uma dose.

Israel está perto de vacinar 90% da população

País que lidera a vacinação contra a covid-19, Israel está perto de imunizar 90% da população com ao menos uma dose. Ontem, o ranking da Universidade de Oxford, utilizado pela coluna para comparações entre países, a nação do Oriente Médio registrava acumulado de 87,06 doses para cem habitantes.

Israel utiliza os produtos da Moderna e da Pfizer/BioNTech, e aplicou até agora 7.535.543 de doses.

Três lições que ficam: planejamento, o país assinou seu primeiro acordo de compra, com a Moderna, em junho de 2020, o que ajudou a garantir vacinas mais rapidamente. Além disso, Israel também concordou em pagar mais caro para receber uma leva antecipada dos imunizantes - um preço considerado premium, de US$ 47 por duas doses, mais do que União Europeia (UE) e EUA, por exemplo, que pagaram cerca de US$ 38 por duas ampolas.

A segunda lição: o país apostou em mais de um fornecedor. Não esperou apenas pela Moderna, chegando a fazer acordo de compra também com a Pfizer, enquanto buscava desenvolver um imunizante próprio.

O terceiro ponto é a qualidade do serviço público de saúde, dividido em quatro instituições diferentes. São muito eficientes, e o financiamento varia conforme a quantidade de clientes - por isso, há competição saudável entre elas para oferecer serviços de qualidade. O sistema é informatizado - os cidadãos recebem mensagens no celular avisando a data e local da vacinação, o que serve para dar celeridade ao processo de imunização.

Um aspecto curioso: Israel conseguiu chegar a esse nível de imunização, mesmo em um ambiente político tumultuado no qual o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é réu em processo de corrupção. O país se encaminha para a quarta eleição em menos de dois anos.

Por quem os sinos dobram

Josef Stalin verbalizou a infeliz frase: "A morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhões, uma estatística". Não se podia esperar algo pior de um dos maiores carniceiros da história. Diariamente, nós, jornalistas, buscamos mostrar que NÃO, a morte de uma, duas, três pessoas ou mais NÃO são estatísticas. Em reportagens, colunas, fotografias, revelamos que por trás de números há rostos, histórias, nomes e sobrenomes.

Na segunda-feira, os Estados Unidos atingiram a marca de 500 mil mortos pela covid-19, momento lamentado em evento na Casa Branca (foto). Precisamente 500.071 mortes até aquela noite.

Isso significa:

Mais do que os EUA perderam na II Guerra Mundial (405.399).

Mais de oito vezes o número de soldados mortos na Guerra do Vietnã (58.220).

Quase seis vezes o que os EUA perderam em batalhas em todos os conflitos em que já estiveram envolvidos desde 1945 (87 mil), que inclui, além do Vietnã, o Afeganistão e o Iraque.

Está perto de superar as perdas na Guerra Civil (620 mil).

Em outubro de 2018, um Boeing 737 Max caiu na Indonésia, matando 189 pessoas a bordo. A tragédia da covid-19 nos EUA é como se ocorressem mais de 2,6 mil acidentes aéreos como aquele.

É como se o país vivesse 167 vezes os atentados de 11 de setembro de 2001.

Não são apenas estatísticas. Mas elas são necessárias para a compreensão do drama humano. Em oposição a Stalin, prefiro John Donne, para quem "a morte de um único homem me diminui, porque eu pertenço à humanidade. Portanto, nunca procures saber por quem o sinos dobram. Eles dobram por ti".

Uruguai 1

Último país do Mercosul a iniciar a vacinação, o Uruguai planeja administrar as primeiras ampolas de imunizantes contra a covid-19 a partir de segunda-feira. Na prática, a campanha começa no final de semana, quando os profissionais de saúde que irão aplicar as doses serão vacinados. A partir de segunda, serão imunizados professores, militares, policiais, bombeiros e funcionários do Instituto del Niño y Adolescente del Uruguay (Inau, órgão responsável por crianças e adolescentes em situação de risco).

Uruguai 2

Durante reunião com ministros, na segunda-feira, o presidente Luis Lacalle Pou tratou de um tema que interessa aos brasileiros e, em especial, aos gaúchos: a implementação de um plano para permitir o ingresso no Uruguai de turistas que já tiveram coronavírus e que estejam recuperados - uma vez que desenvolveram anticorpos.

Para ingressar no país, a pessoa só precisaria apresentar teste negativo de PCR e um exame sorológico - sem necessidade de quarentena.

O turismo é um dos setores mais atingidos pela pandemia.

RODRIGO LOPES

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