13 DE FEVEREIRO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
VACINAÇÃO AOS SOLAVANCOS
Os resultados da aposta equivocada do governo federal em fechar contratos com poucos fornecedores de vacinas contra a covid-19 voltaram a aparecer. É preocupante que, em meio ao agravamento da pandemia no país, saiba-se que muitas capitais brasileiras, com os estoques perto do fim, admitam grande risco de terem de interromper momentaneamente a campanha de imunização nos próximos dias. O problema, provavelmente, é bem mais disseminado. A saída encontrada em meio à escassez de doses e à incerteza tem sido restringir o público-alvo, diminuindo o ritmo de vacinação de profissionais da saúde e da população idosa.
O Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Saúde (Conass) projeta que, em algumas localidades do país, serão registrados alguns dias sem imunização. Grande parte das doses em posse das prefeituras tem de ser reservada para quem já tomou a primeira aplicação. Para a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), mesmo que existam contratempos operacionais em Estados e municípios, o solavanco reflete, em primeiro lugar, a falta de doses.
Os problemas, alerta a entidade, tendem a se repetir pela previsão de novos episódios de descontinuidade no fornecimento. É um sinal de que a vacinação de todos os brasileiros pode demorar ainda mais, apesar da previsão do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. No Senado, na quinta-feira, Pazuello prometeu vacinar metade da população apta a receber o fármaco até junho e o restante até dezembro. Levando-se em consideração apenas a competência da pasta demonstrada até agora, é uma estimativa que parece exageradamente otimista.
A situação se torna mais inquietante pela inexistência de previsão, pelo Ministério da Saúde, de distribuição de novas remessas nos próximos dias. O Instituto Butantan tem programação de entrega de 8,6 milhões de doses, mas apenas a partir do próximo dia 23. Em Porto Alegre, a informação da prefeitura é de que os estoques são suficientes para todas as pessoas acima de 85 anos e 80% dos profissionais de saúde que trabalham em hospitais. Mas, por enquanto, não há confirmação de datas para novas entregas pelo governo federal.
O Banco Central (BC) mostrou, na sexta-feira, que a atividade no Brasil em 2020 caiu 4,05% pelo IBC-Br, considerado a prévia do PIB. O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já disseram e reafirmaram que uma reação robusta e a melhora do mercado do trabalho dependem da vacinação em massa. Será benéfica, inclusive, para o novo auxílio emergencial não demandar um esforço fiscal tão custoso.
Países como Israel e Estados Unidos já apresentam, com o avanço de suas campanhas, queda considerável nas hospitalizações por covid-19. Mesmo por poucos dias, interrupções significam elevar a contabilidade lúgubre que, no Brasil, soma quase 240 mil vítimas fatais e um doloroso número de mortes diárias próximo de 1,5 mil. É preciso corrigir erros e investir energia na aquisição de mais vacinas, também de novos fornecedores, para acelerar a imunização, salvar vidas e fazer a economia recobrar forças.
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