19 DE FEVEREIRO DE 202
POLÍTICA +
Risco de colapso exige medidas duras
A entrevista da diretora-presidente do Hospital de Clínicas, Nadine Clausell, ao Gaúcha Atualidade (leia mais na página 27), retrata a exaustão de quem está na linha de frente, precisando escolher quem receberá atendimento. Por isso, seu alerta precisa ser levado a sério: a tendência é a situação piorar muito nas próximas semanas.
O mapa do distanciamento controlado que será divulgado hoje deve refletir o agravamento da pandemia no Rio Grande do Sul, o que exigirá medidas duras por parte do governo estadual e dos prefeitos. Já não dá para tapar o sol com a peneira e dizer que a situação está sob controle, porque não está. Basta ouvir os relatos dos gestores dos principais hospitais de Porto Alegre e dos médicos que trabalham no Samu para saber que é real o risco de colapso e que, por isso, mais do que nunca, cada cidadão precisa fazer a sua parte, respeitando as recomendações básicas de higiene, distanciamento e uso de máscaras.
Como num jogo de dominó, um a um os hospitais públicos e particulares estão restringindo o atendimento nas emergências por 48, 72 e até 96 horas, com o alerta de que a situação será reavaliada constantemente. Cirurgias eletivas estão sendo canceladas para garantir o atendimento aos pacientes de covid-19 e de outras doenças que precisam ser tratadas. Do interior dos hospitais chegam relatos dramáticos de equipes exauridas e de "pacientes que não param de chegar".
É simplista dizer que a culpa é dos jovens que fizeram aglomeração nas praias no Carnaval. O aumento do número de casos e de mortes ainda não pode ser debitado ao feriadão, cujos efeitos serão sentidos nas próximas duas semanas. A hipótese mais provável, de acordo com quem está na linha de frente, é de que esse aumento exponencial, que aparece nos gráficos como uma subida íngreme de montanha, tenha sido produzido pela combinação entre o relaxamento das restrições e a circulação de uma variante mais contagiosa do vírus.
O início da vacinação produziu a sensação de que a pandemia tinha acabado e já se podia reunir a família, celebrar conquistas ou mesmo brindar com os amigos ao fato de estar vivo. Mesmo com o alerta de que a imunidade só será conquistada quando a maioria da população estiver vacinada, a falsa sensação de que os mais velhos estão protegidos fez crescer o descaso com o uso da máscara, desconfortável no verão de 30ºC.
As secretarias de Saúde do Estado e dos municípios anunciam a abertura de novos leitos de UTI, mas a demanda não para de crescer e já se fala em terceira onda, mesmo que a segunda ainda não tenha terminado. Diante desse quadro, seria recomendável repensar a liberação de atividades não essenciais e mesmo a adoção de medidas como a retomada das aulas presenciais sem limite de alunos por turma. O momento requer cautela e os gestores terão de tomar medidas tendo em conta que nada, neste momento, é mais importante do que salvar vidas.
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