sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021


12 DE FEVEREIRO DE 2021
+ ECONOMIA

Por que revendedores projetam preço do botijão de gás a R$ 200

Em janeiro, Alexandre Borjaili, presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP (Asmirg-BR), havia projetado que o botijão de 13 quilos poderia chegar a R$ 200. A coluna registrou e foi cobrada pelos leitores: como assim, vai mais do que dobrar de preço?

Na mais recente pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP), concluída no dia 6 de fevereiro, o preço médio do botijão era de R$ 77,93, com mínimo de R$ 60 e máximo de R$ 105. Então, já tem botijão com preço de três dígitos no Brasil. No Estado, a média é menor (R$ 75,17), mas o mínimo é mais alto (R$ 65) e o máximo, mais baixo (R$ 88).

Ao ouvir a pergunta dos leitores repassada pela coluna, Borjaili admitiu: a Asmirg-BR está, sim, aconselhando os revendedores a repassar altas represadas durante a pandemia. E justificou:

- Até o final de 2020, o revendedor só repassou os aumentos da Petrobras, mas muitos estão quebrando. Por isso, orientamos que refaçam as contas. Não são o governo federal para poder agir de forma a controlar preços. Têm de decidir: ou reveem os custos ou não repassam e vão quebrar mais rapidamente.

Como a recomendação não costuma ser feita publicamente, a coluna quis saber o motivo. Borjaili relatou que "não tem um revendedor que esteja acreditando no futuro do setor". Ainda reclama que a ANP, à qual cabe fiscalizar e regular o mercado, "fica no muro atendendo ao interesse dos distribuidores". Pondera que não dá para vender gás por R$ 70 se já está custando R$ 80, somados os custos do combustível e os da operação de revenda. Por isso, adverte:

- O petróleo está subindo uma vez ao mês. Primeiro, vem o aumento nas refinarias, sobe o valor cobrado pelas distribuidoras, depois sobe o preço de base para o ICMS. Agregue-se a isso o custo de entrega, que cresce porque precisa cobrir os reajustes do combustível. O botijão já está em R$ 100, para R$ 150 é um pulo, pode chegar a R$ 200 se nada for feito.

Do ponto de vista dos revendedores, haveria duas saídas. Uma seria o tabelamento de preços, começando na refinaria até o revendedor, mas Borjaili sabe que é pouco provável. A alternativa seria abrir o mercado, que ficou ainda mais concentrado com a venda da Liquigás, antes pertencente à Petrobras. Diz que a compra de gás no Exterior poderia ser uma opção. E afirma que, enquanto não surge uma solução estrutural, a Asmirg-BR está buscando alternativas:

- Fomos buscar na ONU informações sobre fontes de energia para países de terceiro mundo e encontramos um fogareiro, feito na Suécia, que usa etanol com uma pequena mistura. Estamos estudando lançar no Brasil. Aqui, quando o pobre recebe salário, compra um botijão. Mas se termina antes do fim do mês, não tem mais dinheiro. Aí, tem gente que usa latinha de comida cortada e queima álcool para cozinhar. Com o fogareiro, com uns R$ 2, compra 400 ml, que dá para cozinhar por duas a três horas. Não é para substituir o GLP, mas para fazer, com segurança, um arroz, um macarrão, enquanto não vem o salário. O fogareiro tem um reservatório de etanol que pode ser virado de cabeça para baixo e não cai uma gota. Agora, esse também é o papel da revenda de GLP, ajudar a arrumar soluções.

MARTA SFREDO

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