terça-feira, 16 de fevereiro de 2021


16 DE FEVEREIRO DE 2021
LIMPA E RENOVÁVEL

Energia solar cresce 63% no país

Desde 2012, modelo teve seu preço reduzido em 80%. Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com maior potência instalada

Nos últimos anos, não tem sido difícil encontrar, no topo de casas, estabelecimentos comerciais e indústrias no Estado, placas viradas para o céu para captar a energia solar. Entre 2019 e 2020, a capacidade de geração de energia elétrica limpa e renovável por meio do sol saltou de 4,6 gigawatts (GW) para 7,5 GW no país. Houve crescimento de 63%, mesmo em meio a um ano desafiador, marcado pela pandemia.

A previsão é de que a tendência continue, e esse número alcance 12,6 GW neste ano. O cálculo da capacidade de geração inclui as usinas de grande porte (geração centralizada) e os pequenos e médios sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos (geração distribuída). E representa mais da metade da potência instalada na usina hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do planeta.

O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado com a maior potência instalada em todo o Brasil, somando 12,4% da capacidade nacional - atrás de Minas Gerais, que tem 18,5% do total, e de São Paulo, com 12,5%. Mesmo com crescimento constante, a geração fotovoltaica ainda está longe de ser uma das mais populares entre brasileiros: 1,4% da oferta de energia elétrica foi gerada pela fonte solar no ano passado. Apesar do investimento inicial alto, a alternativa é vista como a principal para economia limpa e renovável, seguida de eólica, hidrelétrica e gás natural.

- Há poucos anos, ouvíamos falar da energia solar como algo futurístico. Mas nesses últimos cinco anos tivemos forte popularização, e hoje faz parte da realidade de muitos lares, comércios e indústrias, na cidade e no campo - explica Adriana Peixoto, engenheira e sócia-fundadora da Renowatt Energias Renováveis.

Adriana percebeu o crescimento da energia solar mesmo em meio à pandemia. Após um primeiro semestre difícil, o número de instalações cresceu. Para ela, o aumento de gastos com energia elétrica em razão do teletrabalho ajuda a explicar a procura:

- No início da pandemia, houve curto período de incerteza no mercado. Sentíamos a insegurança de clientes. Mas tínhamos convicção de que era fase passageira. Em nosso balanço de 2020, confirmamos aumento de 17% nas vendas e no número de instalações solares em Porto Alegre, Região Metropolitana e Litoral Norte em relação ao ano anterior - descreve Adriana.

Preços

Com R$ 13 bilhões em investimentos, a geração de energia solar dobrou sua capacidade instalada no país em 2020. O valor bilionário representou a criação de mais de 86 mil postos de trabalho. Desde 2012, os aportes acumulados no segmento são de R$ 38 bilhões.

Na origem desses números crescentes, está a redução de preços de equipamentos, que tem atraído mais empresas e consumidores, aliada ao fato de o Brasil ter uma das melhores irradiações solares do mundo. A maior procura pela instalação vem de pequenos e médios comércios e residências.

- Hoje o setor comercial e residencial são os de maior procura. Acabam tendo retorno do investimento mais rápido do que a indústria, que é atendida em média tensão com demanda contratada - descreve Fernando Knecht, engenheiro eletricista e sócio da Proinst Energia Solar.

Síndico de condomínio residencial que instalou 128 painéis solares em Porto Alegre no ano passado, Fábio Orso conta que a conta de luz no local, que ficava em torno de R$ 7 mil, caiu para R$ 400. A expectativa é de que o investimento de R$ 275 mil seja recuperado em quatro anos.

- Também instalamos sistema de aquecimento da piscina externa com placas solares. Estamos muito contentes - diz Orso.

A energia fotovoltaica teve preço reduzido em 80% no Brasil desde 2012, quando despontou comercialmente por aqui. Nesse período, passou de US$ 100 por megawatt- hora para cerca de US$ 20 pelo mesmo volume. O preço fica abaixo do custo de todas as outras fontes, com exceção da geração eólica.

Diretora comercial de uma empresa focada em energias renováveis, Camila Nascimento explica que equipamentos que há 10 anos custavam R$ 30 mil são encontrados, hoje, pela metade do preço.

- Por R$ 15 mil, uma residência que tenha a conta de luz de R$ 350 por mês consegue instalar um sistema. Para negócios como salão de beleza, que consome muita energia, o investimento na compra e instalação dos módulos pode sair R$ 45 mil - detalha Camila.

GUILHERME JUSTINO

Nenhum comentário: