SÉRGIO DÁVILA
A revolução dos bichos
SÃO PAULO - Ganha força no Senado
dos EUA um projeto de lei que proíbe o governo de ser dono de chimpanzés para
testes. Até agora, 113 dos 500 primatas federais já foram removidos para um
santuário na Flórida. O próximo alvo serão os laboratórios, depois os
zoológicos.
Parece começo de filme, a que já
assistimos algumas vezes.
Uma das marcas do século 20 foi a
consolidação dos direitos da criança, que tem como marco internacional a
declaração da ONU de 1959 e, no Brasil, a instituição, em 1990, do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA). A segunda década do século 21 aponta que chegou
a vez dos direitos dos animais -os irracionais.
O princípio foram as baleias, em
uma das campanhas publicitárias mais bem-sucedidas da história. Quem, ainda no
século das crianças, não grudou adesivo com o slogan em inglês que urgia que
elas fossem salvas ("Save the whales") é porque não tinha carro ou
não conseguiu o adesivo.
Depois, foi a vez dos gorilas,
das ararinhas-azuis, dos vira-latas urbanos, dos bichos de fazenda criados
confinados e, agora, dos chimpanzés. O problema não é a causa, justificável,
mas alguns de seus protagonistas, ora infectados pelo politicamente correto,
ora pelo simples ridículo.
No primeiro caso está o filósofo
Peter Singer, da Universidade de Princeton (EUA), que defende que é mais ético
ser vegetariano que onívoro. No segundo, aparecem os autoproclamados
"abolicionistas", que pregam o fim do direito de propriedade dos
humanos sobre os animais.
Um deles é Gary Francione,
professor da Universidade Rutgers (EUA), para quem "nunca aboliremos a
escravidão animal enquanto promovermos exploração regulamentada".
Ovos de galinha caipira seriam um
exemplo de exploração regulamentada -diferentemente de suas colegas de granjas
industriais, a ave não está numa gaiola. Mas também não é "livre". O
que quererá uma galinha livre? Visitar a Flórida?
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