Jaime
Cimenti
Viagem gostosa pela culinária gaúcha
Os
indígenas que habitaram inicialmente o Rio Grande do Sul alimentavam-se de
peixes, mariscos, animais de caça, frutas e brotos das matas. Com a chegada dos
espanhóis e portugueses vieram o churrasco, o charque, o feijão, as batatas e
alguns outros elementos básicos de nossa culinária. Com a vinda dos imigrantes
alemães, italianos, japoneses, entre outros, nossa mesa foi ficando mais
variada, e o churrasco de rês passou a contar com a companhia do salsichão, do
galeto, da maionese, da polenta, das carnes de porco e outras gostosuras.
Lá por
1935, época da comemoração da Revolução Farroupilha, começaram a surgir as
churrascarias em Porto Alegre e em outros pontos do Estado. Nas últimas décadas,
na Capital e no Interior, houve uma sofisticação na gastronomia rio-grandense,
com inspiração, muitas vezes, em nossos pratos históricos, como a picanha, o
cordeiro, a abóbora, o aipim, o pinhão e outros elementos típicos.
A
mesa do gaúcho - sabor e tradição de um povo apaixonado por sua terra, do
engenheiro, construtor e ex-presidente do Grêmio Náutico União Carlos Alberto
Pippi da Motta - igualmente gourmet e chef -, revela, com belos textos, magníficas
fotos e apetitosas receitas, muito das nossas tradições, especialmente na área
da gastronomia. Os leitores vão saber sobre chimarrão, churrasco, vinhos, doces
e alimentos de todas as querências.
Nas páginas finais estão receitas de
integrantes da Confraria da Construção Civil. Pippi da Motta, Cleo Almeida,
Dante Arioli, Ademir Cardoso, Paulo Garcia, Milton Melnick, Jorge de Jesus, Mário
Pocztaruk e Carlos Alberto Aita, entre outros, trazem receitas de puchero,
mondongo, arroz com pinhão, risoto de cordeiro, sagu, ambrósia de forno,
picanha com molho de shitake e outras delícias.
Dá vontade
de comer o livro, de tão colorido e suculento. Da leitura da obra resta uma
reflexão interessante: nós, gaúchos, somos bastante divididos, cultivamos
divergências, mas, vamos combinar, na hora da boa mesa não há maiores problemas.
Basta que os alimentos, as receitas e os amigos sejam de ótima qualidade, e aí não
há discussão.
A
mesa do gaúcho é plural, democrática, saborosa, rica e está sempre pronta para
receber os amigos. Comer e dormir seguem sendo a segunda e a terceira coisa
mais importantes da vida, especialmente para os rio-grandenses. A mesa do gaúcho,
152 páginas, Confraria da Construção, telefone (51) 9963-5205.
Jaime
Cimenti
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