ELIANE
CANTANHÊDE
Chuvas e trovoadas
BRASÍLIA
- As manchetes dos jornais de ontem, terceiro dia do novo ano, não foram nada
animadoras, muito pelo contrário.
Folha:
"Triênio de Dilma deverá ser o pior da América do Sul". "O Globo":
"Balança comercial tem o pior resultado em dez anos". "O Estado
de S. Paulo": "Reservatórios do NE estão abaixo do nível de segurança".
E, para completar, ou arrematar, "Correio Braziliense": "Aumentos
em série abrem o novo ano".
Pode-se
ler com uma visão míope e persecutória: é a imprensa golpista atacando o pobre
e indefeso governo. Ou pode-se ler com um olhar realista, como alerta, para
reflexão e análise. Números não mentem, ou melhor, raramente mentem.
No
caso do PIB, é fato que o Brasil cresceu em 2012 menos do que a média da América
do Sul e do que os países emergentes (entre eles, os Brics), e a perspectiva
para 2013 não é para soltar fogos. A ver.
No
caso da balança comercial, os dados são oficiais, do próprio governo. No dos
reservatórios, o alerta nem chega a ser novidade. E os aumentos em série no DF
atingem escolas, material escolar, aluguéis, viagens, seguro de carro, DPVAT,
taxas de limpeza urbana e de água. Que atirem a primeira pedra os Estados que
estão em situação muito melhor.
Afinal,
se o crescimento da economia é pífio, o da inflação não é tanto assim. Como a
gente vem dizendo há algum tempo, prevalece no Planalto um certo desdém pelo
centro da meta inflacionária. O que vale, agora, na prática, é o teto.
Tudo
parece ser compensado com a -justa, aliás- comemoração pelos índices invejáveis
de emprego, na contramão do desemprego recorde da Europa, por exemplo. Mas esse
não é o único indicador relevante e, no contexto de redução de investimentos,
da balança comercial e do fluxo cambial, também pode não se manter sólido como
uma rocha.
E as
chuvas e deslizamentos nossos de cada ano estão só começando.
elianec@uol.com.br
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