sexta-feira, 4 de janeiro de 2013


ELIANE CANTANHÊDE

Chuvas e trovoadas

BRASÍLIA - As manchetes dos jornais de ontem, terceiro dia do novo ano, não foram nada animadoras, muito pelo contrário.

Folha: "Triênio de Dilma deverá ser o pior da América do Sul". "O Globo": "Balança comercial tem o pior resultado em dez anos". "O Estado de S. Paulo": "Reservatórios do NE estão abaixo do nível de segurança". E, para completar, ou arrematar, "Correio Braziliense": "Aumentos em série abrem o novo ano".

Pode-se ler com uma visão míope e persecutória: é a imprensa golpista atacando o pobre e indefeso governo. Ou pode-se ler com um olhar realista, como alerta, para reflexão e análise. Números não mentem, ou melhor, raramente mentem.

No caso do PIB, é fato que o Brasil cresceu em 2012 menos do que a média da América do Sul e do que os países emergentes (entre eles, os Brics), e a perspectiva para 2013 não é para soltar fogos. A ver.

No caso da balança comercial, os dados são oficiais, do próprio governo. No dos reservatórios, o alerta nem chega a ser novidade. E os aumentos em série no DF atingem escolas, material escolar, aluguéis, viagens, seguro de carro, DPVAT, taxas de limpeza urbana e de água. Que atirem a primeira pedra os Estados que estão em situação muito melhor.

Afinal, se o crescimento da economia é pífio, o da inflação não é tanto assim. Como a gente vem dizendo há algum tempo, prevalece no Planalto um certo desdém pelo centro da meta inflacionária. O que vale, agora, na prática, é o teto.

Tudo parece ser compensado com a -justa, aliás- comemoração pelos índices invejáveis de emprego, na contramão do desemprego recorde da Europa, por exemplo. Mas esse não é o único indicador relevante e, no contexto de redução de investimentos, da balança comercial e do fluxo cambial, também pode não se manter sólido como uma rocha.

E as chuvas e deslizamentos nossos de cada ano estão só começando.

elianec@uol.com.br

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