sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


Jaime Cimenti

O dicionário de Drummond, o poeta-maior

O tempo, os leitores e os críticos fizeram sua indispensável parte: Carlos Drummond de Andrade, 25 anos depois de sua morte, permanece no coração e na boca do povo, nas cabeças das academias e nos cânones a que realmente interessam. Nada pode ser mais.

Ao lado de Camões e de Fernando Pessoa, Drummond é nosso poeta-maior, um de nossos tesouros nacionais, e nos deixou uma herança infinita em palavras. Carlos Drummond de Andrade - A dimensão do cotidiano, dicionário publicado pelo Grupo Zaffari, com edição do poeta e publicitário Luiz Coronel, patrono da Feira do Livro do ano passado, é o lançamento mais importante do ano de 2012.

O volume é o oitavo da Coleção Dicionários e conta com textos de apresentação de Tarso Genro, Thiago de Mello, Luiz Antonio de Assis Brasil, Sergius Gonzaga, Carlos Nejar, José Fogaça, Jaime Vaz Brasil, Fabrício Carpinejar, Donaldo Schüler, Antonio Hohlfeldt, Antônio Marcos V. Sanseverino, Jane Tutikian, Luiz Coronel e Márcia Ivana de Lima e Silva, entre outros.

Os verbetes vêm acompanhados das indicações das obras que os originaram e permitem aos leitores transitar pelo maravilhoso percurso que cobre, desde a infância do poeta, no interior de Minas, na casa de Itabira, até acontecimentos brasileiros do final da década de oitenta do século XX. Com seu olhar sempre atento e lírico, Drummond tratou de política, de povo, de favelas, do interior, do Rio de Janeiro, do mundo, de Carnaval, de infância, de juventude, de vida adulta e morte, de erotismo, de acontecimentos históricos relevantes e de tudo que encantava sua imensa sensibilidade.

O poeta não apenas escreveu versos imortais como Tinha uma pedra no caminho e E agora, José?, que estão incorporados ao nosso cotidiano.

Ele também foi capaz de pensar e refletir sobre sua arte, sobre seu processo criativo, em versos como Lutar com as palavras/é a luta mais vã/Entanto lutamos/mal rompe a manhã. Carlos Drummond de Andrade biografou poeticamente nosso tempo, faz parte do que temos de melhor e seu amor às palavras nos inspira a ir adiante, mesmo contra os ventos e as marés do dia a dia. O Dicionário de C.D.A. foi o melhor presente de Natal de 2012 e é essencial lembrar que três verbetes tratam de Mario Quintana, outro poeta que não foi apenas moderno, mas é eterno como Drummond.

O volume tem 342 páginas, foi publicado pela Mecenas e um CD com trilha de Chico Ferretti e vozes de Zé Victor Castiel, Luiz Coronel, Magda Beatriz e Deborah Finocchiaro o acompanha.
Jaime Cimenti 

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