sexta-feira, 11 de janeiro de 2013



11 de janeiro de 2013 | N° 17309
PAULO SANT’ANA | MOISÉS MENDES (interino)

Os marcianos de Davos

O mundo terá com o que se divertir, enquanto não encontra uma solução para a crise das potências. Já estão se divertindo em Davos, na Suíça, onde o Fórum Econômico Mundial debate a possibilidade de vida fora da Terra.

Durante anos, o Fórum vislumbrou apenas uma via, única e sem retorno, para a prosperidade: a liberdade total, absoluta, de mercados, finanças, pessoas e ideias, que levaria todos nós à redenção pessoal e coletiva.

Por enquanto, a liberdade total nos levou a uma desarrumação moral e à crise mundial que dura quatro anos. Esgotaram-se as buscas nos manuais que possam indicar uma solução rápida pela racionalidade dita liberal. Então, vamos abstrair um pouco. É o que o Fórum faz agora, na edição deste ano, com o debate sobre outras galáxias.

É isso mesmo. Mentes com a fama de inflexíveis se abrem ao imponderável. Davos começa a enxergar discos voadores, e isso é bom. O pensamento concreto, que pouco vê o subjetivo, nos levou aonde estamos.

Davos pode descobrir que a lógica não é apenas a das convenções econômicas e que talvez outros mundos, fora do nosso sistema solar, convivam com outras possibilidades. Dá para perceber que eu li a notícia e fiquei meio esotérico.

O certo é que essas inspirações, como a levada a Davos, já vêm contagiando um ambiente geralmente impermeável ao que não se submete apenas à verdade das bolsas, dos derivativos, da especulação, dos déficits orçamentários.

É interessante ver extraterrestres de vez em quando. Nosso colega Clóvis Malta já viu. Malta conta que, numa viagem pelo interior de Minas, entre Ouro Preto e Belo Horizonte, um objeto surgiu de repente e jogou uma luz sobre o carro, na escuridão da terra mágica de Riobaldo. Parou sobre o carro e depois sumiu.

Malta continuou a viagem extasiado com aquela luz, sem medos, mas carregando junto o mistério. Se o Riobaldo de Guimarães Rosa queria saber se uma labareda poderia trazer dentro o diabo, Malta se interrogava: aquela luz trazia dentro um extraterrestre?

Se Davos estiver certo, esta não será uma dúvida eterna. Os discos voadores devem estar por aí, ou não seriam vistos por gente séria como o Malta e o advogado Carlos Roberto Zaccaro.

Beto Zaccaro viu um disco voador em um sítio em Mariana Pimentel. Não teve testemunhas. Quando chegaram e ouviram a história, Renato Borghetti (dono do sítio), Kako Pacheco, Nico Fagundes, Porca Véia e Sergio Rojas só viram uma lebre no pasto, com os olhos arregalados, assustada com o disco ou com o relato de Beto.

O importante é que, como diria o Paulo Coelho, estejamos abertos a todas as descobertas. Um maldoso é capaz de pensar que o Fórum Econômico não debate discos voadores de graça (literalmente), porque os que estão na Suíça pensam em tudo como negócio.

É provável até que alguém suspeite que alguns congressistas de Davos estejam vislumbrando os extraterrestres como mão de obra barata ou como bichinhos para expor em circos. Mas pensar assim já é maldade demais com o pessoal de Davos.

Minha temporada de caseiro se encerra hoje. Sant’Ana voltou bronzeado e amanhã retoma o seu espaço.

Nenhum comentário: