sexta-feira, 11 de janeiro de 2013



11 de janeiro de 2013 | N° 17309
EDITORIAIS

REDE DE RISCOS

As mesmas redes sociais que possibilitam a mobilização de cidadãos contra os desmandos no poder, como ocorreu há alguns meses na chamada Primavera Árabe, também se prestam a aberrações como a recente onda de automutilações de adolescentes em solidariedade ao cantor pop Justin Bieber.

No início da semana, hashtags apelando a jovens para que se cortassem por Bieber entraram para a lista dos tópicos mais comentados no Twitter e logo a campanha ganhou adeptos reais pelo mundo todo, com internautas postando imagens de braços cortados, sangue e lâminas. Eis aí mais uma prova de que os pais devem monitorar e acompanhar com mais atenção crianças e adolescentes no uso dessas tecnologias, que entram nas casas e nos equipamentos pes-soais de comunicação.

Um dos princípios básicos do funcionamento da internet é o da ampla liberdade de expressão propiciada aos usuários, com a contrapartida de que, assim como na vida real, também no mundo virtual cada um é responsável pelos seus atos. A regra comportamental vale para todos, inclusive e principalmente para celebridades que se valem constantemente da rede para criar fatos ou exagerá- los com o objetivo de se manter em evidência.

Muitas vezes, marqueteiros e até mesmo fãs de artistas famosos ultrapassam os limites do bom senso, como ocorreu agora com o cultuado cantor. Como o regramento penal para delitos do mundo online ainda é precário, concentrando-se basicamente nas fraudes e na pornografia infantil, a vigilância das famílias tem que ser permanente.

As novas ferramentas tecnológicas oferecem grandes oportunidades à humanidade, desde que utilizadas com inteligência e ética. Recentes tragédias, como os estragos provocados pelas águas na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, reafirmaram o poder de mobilização das redes sociais nas causas humanitárias.

Os mesmos mecanismos ajudaram a provocar mudanças positivas no mundo árabe, mobilizando multidões também no mundo ocidental, em movimentos como o denominado Occupy Wall Street e os realizados em diferentes países europeus. Cada vez mais, os ambientes virtuais vêm se prestando também como auxiliares no ensino, contribuindo para tornar mais palatáveis conteúdos didáticos de pouco ou quase nenhum interesse para crianças e adolescentes.

Mas existe também a internet do mal. O mesmo instrumento cada vez mais indissociável do cotidiano, capaz de mobilizar multidões por causas nobres no meio virtual, pode se transformar em ameaça para crianças e jovens ainda sem maturidade para interpretar mensagens viciadas e deletérias. E o melhor antídoto é a conscientização pela educação – o que exige envolvimento constante de pais, professores e familiares.

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