quarta-feira, 9 de janeiro de 2013



09 de janeiro de 2013 | N° 17307
ARTIGOS - Eduardo Keller Saadi*

O Brasil nas trevas

“O gênio consiste em um por cento de inspiração e noventa e nove por cento de transpiração.”

Thomas Alva Edison

Desde 1879, quando Thomas Edison, utilizando filamento fino de carvão, fez com que uma lâmpada incandescente brilhasse por 48 horas nas comemorações de final de ano em uma demonstração pública, a luz elétrica tem se tornado indispensável nas nossas vidas. Até então, as lâmpadas tinham cintilado apenas por pouco tempo.

Luz, refrigerador, ar condicionado, internet, televisão e centenas de eletrodomésticos dependem de um fornecimento adequado de energia elétrica, assim como nossas vidas, que ficaram totalmente subordinadas à energia. Não esquecendo da indústria e da preservação de diversos produtos, alimentos e medicamentos, enfim, da manutenção da saúde.

Em uma estrutura hospitalar, a falta de eletricidade gera imensos problemas de logística e riscos a equipamentos e pacientes. Até o telefone celular, que acreditava estar imune, descobri que também sofre, pois as antenas dependem de energia elétrica e, na ausência dessa, são abastecidas por baterias ou geradores a óleo durante algumas horas. Após este período, a rede de telefonia celular também cai.

Escrevo, agora, utilizando a reserva da bateria do meu “notebook”, pois não se pode carregar nada na falta de energia elétrica.

Que não nos venham com esta de que são os raios que estão causando apagão. Ora, os raios começaram agora? Faz mais sentido crer que precisamos de investimentos em produção, transmissão e manutenção da rede do que atribuir estes incidentes a eventos atmosféricos ou problemas pontuais.

Nunca houve tantas quedas de energia, e por períodos tão longos, quanto no mês de dezembro, nos deixando às escuras. Há tempos ouvimos dizer que o sistema de energia no Brasil está no limite, mas, até então, não tínhamos sentido na pele os efeitos desta previsão. Apagão e blecaute são termos que nos causam arrepios. Fazendo uma analogia com a área da educação, os investimentos em ambos são altos e os resultados só serão observados a longo prazo, o que, em geral, não representa grande atrativo para os políticos, mais interessados em ações com frutos imediatos.

Aquela luz no final do túnel está se apagando. A nossa luz, a exemplo do período anterior a 1879, tem brilhado por pouco tempo.

Presidenta, a senhora, sendo do ramo, que seja iluminada para que não deixe o Brasil caminhar para as trevas!

*CIRURGIÃO CARDIOVASCULAR E PROFESSOR UNIVERSITÁRIO – UFRGS

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