sábado, 5 de janeiro de 2013



06 de janeiro de 2013 | N° 17304
BOLA DIVIDIDAESPECIAL | LUIZ ZINI PIRES COM EDITORIA DE ESPORTES

Beto, o especialista

Autor de best-sellers e com mais de 20 anos de experiência na área de vendas e gestão de pessoas, Carlos Alberto Carvalho Filho foi convocado por Fábio Koff para liderar o novo marketing gremista

O novo comandante do marketing do Grêmio da era da Arena, Carlos Alberto Carvalho Filho, 50 anos, se apresenta logo no primeiro instante que o colunista coloca os pés na apertada sala, anexa ao quase desativado Olímpico.

– Sou gago e vendedor.

– Gago? – eu pergunto, meio impactado.

– Era muito gago, gago de não falar. Sofri um sequestro relâmpago quando criança. Fiquei sozinho com os sequestradores no carro, rodando pela cidade. Vivi um drama e a recuperação foi bem lenta.

Em segundos, estende a mão direita, oferece um forte aperto de mão e um grande sorriso. Na esquerda, carrega os best-sellers A Azeitona da Empada – este com mais de 100 mil exemplares vendidos –, A Cereja do Bolo e Você É o Cara. Seus três livros são cartões de visita, mapas de autoajuda, mas que tentam tocar na essência do ser humano. Ele continua:

– Sou um homem de marketing e de vendas, consultor, escritor e palestrante. Recebi o convite do presidente Fábio Koff com alegria. Vou usar os meus 20 anos como executivo da área para ajudar o Grêmio. Estou entusiasmado e muito menos gago do que era (risos).

Carlos Alberto, que é chamado de Beto, desembarcou no Grêmio para investir na criatividade e na novidade.

– O clube tem um potencial fantástico. Pode ganhar mais dinheiro, chamar mais sócios. Embarcar em uma plataforma midiática é uma ideia. O nosso site tem mais de 2 milhões de acessos por mês. Imagina uma TV Grêmio? E o seu valor? A marca Grêmio não tem fronteiras.

Seu gremismo não é de hoje, fã de acompanhar as partidas de cadeira cativa no estádio. É de anteontem. Menino ainda, se trancava em um quarto, investia na perda da timidez e narrava, voz muito alta, jogos fictícios do seu time. O microfone era uma lata vazia de azeite, um barbante fazia o papel de fio elétrico e os gritos de gol, só azuis, fugiam por janelas e porta. Os times do Grêmio saíram todos invictos desta precoce experiência radiofônica.

– Hoje dou palestras em todo o Brasil. Basta você querer descobrir seus talentos naturais. Investir em si mesmo.

Com 14 anos, aproximou-se dos infantis do Grêmio. Surgia o meia que treinou, jogou. Jura que tinha talento.

Depois foi estudar, ser engenheiro civil, profissão que, receoso, imaginava não precisar falar muito. Formado, viu que o caminho da realização estava longe dos cálculos matemáticos. Se apresentou na Xerox como vendedor, a gagueira quase domada depois de mais de duas décadas.

– Saía de manhã e tentava vender máquinas Xerox nos açougues. Sabia que o açougueiro não compraria. Mas via a jornada como treino. Falava muito, me expressava, buscava gestos para mais tarde, quando, já treinado, procurava o verdadeiro cliente do meu produto.

Depois de descobrir seus talentos naturais e desenvolvê-los, ele se transformou em alguém que gosta de ajudar as pessoas a reconhecer suas qualidades, treinar equipes e motivá-las. O novo alvo é o torcedor. No centro está a paixão. No total são mais de 7 milhões de gremistas:

– Quero recompensar os torcedores apaixonados. O meu cliente é fiel. Ele não muda de marca. Mas precisa ganhar algo em troca e não é só um grande time. O futebol sozinho não basta, o torcedor quer algo mais, o novo estádio, acomodações especiais, conforto e por aí vai...

Beto Carvalho recém assumiu o posto. Prefere não adiantar os novos projetos.

– O marketing do Grêmio, que é muito bom, precisa embarcar nas diversas plataformas, ser digital, chegar em todos os lugares. Vamos chamar o torcedor. Ser referência no e-commerce. Mais de 70% da legião de gremistas não aparece no estádio. Vamos conduzir o Grêmio até eles.

Casado, pai de um casal de filhos, ele planeja usar o Guaíba para aproximar mais o torcedor do clube. O futuro CT dos profissionais e a Arena ficam quase às margens do Guaíba, e o Grêmio ainda tem uma ilha e o CT do bairro Cristal. Mas não dá detalhes.

O Grêmio de Koff deseja que o torcedor, em breve, fale mais ou menos assim:

– Beto, você é o cara.

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