05 de janeiro de 2013 |
N° 17303
LETÍCIA DUARTE INTERINA | LETÍCIA
DUARTE (Interina)
Refém das alianças
Mais do que um problema pontual
ou local, a crise deflagrada na prefeitura de Porto Alegre com o pedido de
demissão do secretário da Copa e dos Esportes, João Bosco Vaz, por não aceitar
as indicações feitas para o seu adjunto, expõe uma das distorções criadas pelas
alianças eleitorais.
Com a tradição política brasileira
de trocar cargos por apoio político, os governos acabam se tornando reféns dos
interesses partidários, muitas vezes em detrimento da qualificação técnica e da
gestão. Apesar das boas intenções proclamadas de promover melhorias em seus
mandatos, os eleitos enfrentam dificuldade em inovar diante da necessidade de
acomodar aliados e ceder a composições partidárias.
No caso da Secretaria da Copa, o
questionamento feito por Bosco à administração municipal é se os indicados para
ocupar o cargo teriam competência para assumir uma função tão estratégica. Como
publicado pelo blog Esquina Democrática, de André Machado e Álvaro Andrade, ele
teria pedido demissão por torpedo a Fortunati, após saber que o indicado para a
função seria o ex-jogador Dinho, candidato a vereador pelo DEM, ou, como
segunda opção, Haroldo de Souza (PMDB).
Nos bastidores, há quem diga que
não foi só o nobre interesse público que norteou a decisão de Bosco – mas
também a intenção de evitar dividir a vitrine com rivais políticos, já que
ambos também disputaram com ele um mandato a vereador na última eleição à
Câmara e concorrem pelo mesmo nicho, ligado ao esporte. Ainda assim, o
questionamento de Bosco serve de alerta: em vez de indicar seus quadros
eleitorais, os partidos não deveriam estar mais preocupados em fornecer nomes
com qualificação técnica para a gestão pública?
Empresas públicas não teriam
maior produtividade se tivessem uma gestão especializada, a exemplo do que já
ocorre na EPTC, em vez de serem comandadas por políticos? A Secretaria da
Segurança, por exemplo, não teria maior chance de fazer a diferença na cidade
se fosse conduzida por alguém especializado na área, como era o projeto
original de Fortunati, em vez de acabar entregue a um vereador graduado em
gestão ambiental, para satisfazer o PRB?
O problema, na verdade, começa
bem antes, desde a garimpagem de candidatos pelos partidos. Interessadas em
aumentar seus quocientes eleitorais, as siglas passaram a arregimentar nomes
populares para engrossar suas fileiras de candidatos, incluindo jogadores de
futebol e artistas com preparo duvidoso. Ter ou não capacidade de gestão acaba
ficando em segundo plano, como se fosse questão de sorte. Não parece esse um
bom jeito de se começar a mudar as coisas, parece?
PARA EVITAR
APAGÕES
Presidente da Frente Parlamentar
em Defesa da Reativação da Termo AES Uruguaiana, o deputado Frederico Antunes
(PP) comemorou ontem a notícia de que a usina térmica voltará a funcionar na
próxima terça-feira. Paralisada desde 2009, voltará a operar com uma turbina,
em fase de testes, em um esforço do governo para elevar a capacidade de geração
do país e conter o risco de apagões.
A antecipação da retomada,
prevista anteriormente para o final do mês, foi confirmada ontem pelo diretor
de Operações do Grupo AES Brasil, Italo Freitas, em reunião com o deputado,
que, ao lado da senadora Ana Amélia Lemos, fez inúmeras incursões no Ministério
de Minas e Energia para cobrar a reativação.
– Estamos nesta luta desde 2009,
agora o governo se deu conta e está correndo atrás. Esta usina é um reforço
importante, lembrando que o Rio Grande do Sul importa 65% da energia que
consome e a demanda aumenta 40% em fevereiro e março – diz Antunes.
Neste primeiro mês de
funcionamento, a usina movida a gás natural vai gerar 164 megawatts, um terço
da capacidade plena.
Eleição
questionada
O Ministério Público Eleitoral
ingressou com ações judiciais contra o prefeito de Rio Grande, Alexandre
Lindenmeyer, (PT), o vice, Eduardo Lawson, e contra dois suplentes de vereador
Cláudio Luís Silva de Lima e Enoc Braga Guimarães.
Os pedidos são de anulação dos
diplomas dos eleitos e dos votos recebidos, além de recontagem do quociente
eleitoral e partidário, em caso de procedência das ações.
Contas na mira do
MP
Segundo o promotor Marcelo Nahuys
Thormann, os investigados realizaram eventos para divulgação e arrecadação de
recursos para a campanha, mas deixaram de atender à legislação em respeito à
comunicação ao juízo eleitoral competente e ao prazo legal. As petições visam
apurar também irregularidades nas prestações de contas, com foco na arrecadação
de recursos de campanha, “vislumbrando-se a conduta popularmente conhecida como
caixa 2”. Uma das origens foi a desaprovação das contas de campanha dos
candidatos pela Justiça Eleitoral.
Por meio de sua assessoria, o
prefeito e o vice afirmaram que só se manifestarão após serem citados.
Guimarães disse não ter conhecimento da ação, mas considerou precipitada por
parte do MP, já que está recorrendo da desaprovação de contas. Lima também
falou que desconhecia a ação e se pronunciará após a citação.
A resposta da
EPTC
Diante da pergunta feita por um
leitor da coluna questionando a resistência demonstrada pela direção da EPTC em
acatar as recomendações da inspeção especial do Tribunal de Contas para reduzir
o preço da tarifa, o diretor-presidente da empresa, Vanderlei Cappellari, se
manifestou ontem por meio de nota.
“O relatório do Tribunal de
Contas do Estado é extremamente qualificado, aprofunda a análise de todo o
sistema do transporte público de Porto Alegre, fornecendo subsídios técnicos
para que se faça uma grande reflexão sobre a planilha tarifária. A EPTC é parceira
do TCE no sentido de encontrar soluções para redução do custo da tarifa de
ônibus da Capital. O relatório será respondido dentro do prazo estabelecido”,
diz o texto da EPTC.
A prefeitura de São Leopoldo terá
de atender a três ações diretas de inconstitucionalidade (Adin) da
Procuradoria-Geral de Justiça que determinam a extinção, em 90 dias, de 80
cargos em comissão criados no governo anterior e considerados irregulares.
ALIÁS
O prefeito José Fortunati não
quis se manifestar a respeito do caso, mas interlocutores relatam que ele ficou
muito irritado com o pedido de demissão de Bosco e que a situação chegou a tal
ponto, que “ultrapassou o ponto de volta”.
Sem exceção
Diante do pleito do secretário da
Copa, João Bosco Vaz, para que a prefeitura abrisse uma exceção para manter um
adjunto do PDT de sua confiança no cargo, em vez de aceitar indicações de
outros partidos, o presidente metropolitano do partido, Vieira da Cunha, chegou
a consultar outras siglas da aliança.
Algumas chegaram a concordar com
a exceção, mas em troca reivindicavam ter o mesmo direito em suas secretarias.
A avaliação do prefeito José
Fortunati era de que, se fosse abrir uma exceção para cada partido, se acabaria
com o critério de ter secretário e adjunto de partidos diferentes, por isso a
opção foi por não se abrir qualquer precedente.
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