28 de junho de 2016 | N° 18567
ARTIGOS - LASIER MARTINS*
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O Brasil vive uma situação surreal: dois presidentes convivem vizinhos de muro e compartilhando a mesma equipe de segurança da Guarda Presidencial. A presidente afastada Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada, o presidente interino Michel Temer no Palácio do Jaburu.
O que se discute no Senado Federal é qual dos dois vai ficar no Palácio do Planalto até o fim do mandato, em 31 de dezembro de 2018. Neste momento, a balança pende acentuadamente para o lado de Temer. Mas Dilma não perde esperanças de voltar.
Por último, mas nem tanto, há uma ação no Superior Tribunal Eleitoral pedindo a anulação do pleito de 2014. Uma possibilidade remota.
A volta de Dilma significaria um governo minoritário, sem apoio político, com governabilidade nula. A presidente afastada, para manter-se no poder, teria de se apoiar numa militância estridente, que pudesse botar o país contra a parede e assim acuar o parlamento e a sociedade. Seria o caminho mais rápido à recessão profunda e desabastecimento geral ao triste modelo venezuelano.
O presidente interino, em vias de se tornar definitivo, não é um padrão de alta popularidade, mas nas poucas semanas que está governando já apresenta alguns resultados que estão animando os agentes econômicos a retomarem os investimentos e reativarem seus negócios. Isto é a base efetiva para deter a recessão, recuperar o emprego e botar o Brasil de volta nos trilhos.
Entre seus feitos nestes primeiros momentos está a integração de uma equipe econômica de primeira linha, capaz e confiável, ação efetiva para obter no parlamento os consensos. E arbitrar os conflitos com credibilidade.
Esses são fatores essenciais para o país deixar para trás esse baixo-astral que vem angustiando todos os brasileiros desde janeiro de 2015. É preciso virar a página. Embora Dilma prometa, se voltar ao governo, mudar tudo o que fez, mais prudente é dar força a este governo interino que se coloca com humildade e objetividade. Não há milagre, mas trabalho, diz Temer, resgatando o lema da bandeira: ordem e progresso.
A sorte está lançada e tudo faz crer na continuidade de Temer pelos votos de dois terços dos senadores. Pior sorte seria de re-entronar Dilma. Nas pesquisas de opinião a população diz que preferiria nova eleição. Mas quem dirá que o ministro presidente do TSE está pensando nisso?
Senador (PDT-RS)
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