14 de junho de 2016 | N° 18555
LUÍS AUGUSTO FISCHER
UM JOÃO, CEM ANOS ATRÁS
Neste dia 14 se completam cem anos da morte de João Simões Lopes Neto, aos 51 anos de idade e uma obra que não parou de falar. Autor inventivo, mal editado, de circulação escassa, o ilustre pelotense me parece cada vez mais interessante.
Tenho participado de uma boa quantidade de iniciativas relativas à sua obra. Semana passada ainda estive numa mesa, ao lado de Luiz Antonio de Assis Brasil e Maria Eunice Moreira, com promoção do Memorial do Rio Grande do Sul, sobre seu legado.
A partir do Instituto de Letras da UFRGS, estamos vendo brotar, em iniciativa talvez inédita em língua portuguesa, um conjunto de versões de contos seus para várias línguas – inglês, francês, espanhol, italiano, japonês, russo, alemão, chinês, catalão, tcheco, sem contar outras, como o árabe, o polonês, o guarani, nas quais sua verve vai se expressar.
Não sei se é possível quantificar com precisão sua obra. Mas arrisco dizer que ele tem mais de mil páginas de texto, entre teatro, conto, lenda, ensaio, reportagem, texto didático, conferências.
Um grande talento que tenha escrito mil páginas representa um patrimônio incontornável para a cultura da língua em que se expressou.
Pelas atribulações de sua vida, mas também por seu próprio temperamento, a obra de Simões Lopes Neto é, ainda hoje, instável – não temos edições plenamente satisfatórias de parte grande do que escreveu. Podemos falar mesmo de uma obra instável, a merecer os muitos estudos acadêmicos de que é objeto, como os recentes de Patrícia Lima, Jocelito Zalla, Paula Marcolin, Heloísa Netto e outros ainda.
Temos ainda uma longa estrada a percorrer, para fazer jus a sua ampla e valiosa herança.
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