segunda-feira, 6 de junho de 2016


06 de junho de 2016 | N° 18548
ARTIGOS - CLÁUDIO BRITO*

VINTE TONELADAS DE VENENO

Quando quis medir o alcance da criminalidade nojenta que alguns proprietários de laticínios vêm cometendo, veio a informação de que foram apreendidas 20 toneladas de queijo na etapa mais recente da operação permanente do Ministério Público gaúcho para coibir e punir a barbaridade que essa gente pratica para amealhar alguns milhares de reais.

Depois do leite, agora é a vez do “queijo compensado”, uma boa sacada de nome para a ação dos promotores. Quando alguém lembra do leite condensado, chega a sentir o sabor da infância. Então, um jogo inteligente de palavras faz a gente lastimar e repudiar o que esses bandidos andaram fazendo com alimentos sagrados, como o leite e seus derivados. Aliás, alimento sagrado é pleonasmo. Tudo o que nos mantém a vida tem algo de sagrado. Fazer disso, justamente disso, uma arma mortífera chega às raias do inominável.

Se há muito ainda a desvendar, que nada faça diminuir a garra e o entusiasmo dos que estão na barca dessa investigação, como é o caso de Mauro Rockenbach, titular do grupo que combate o crime organizado com foco na segurança alimentar. Os bens jurídicos tutelados nesses casos são a saúde e a vida. De quem? De todos nós. Os crimes cometidos vão longe, no tempo e no espaço, atingindo toda a população, seja pelos resultados danosos constatados, seja pelo perigo que se espalha.

Saber que trocam rótulos para fraudar datas de validade, vendem em pedaços porque não dá para fatiar o que se mostra inconsistente em razão da podridão e ainda restar provado que há contaminação por coliformes fecais em peças de queijo levadas ao comércio é desconcertante. E há outros cometimentos fraudulentos, como a adição de amido de milho para mascarar a quantidade de leite menor que a devida, comercialização de produtos vencidos e a prova indesmentível de contaminação por bactérias.

Imagine um bando de terroristas ameaçando, ferindo e matando uma comunidade. É exatamente assim que eu vejo essa gente bandida que as operações do Ministério Público têm impedido de multiplicar ainda mais tantos crimes. Vendiam veneno, merecem a cadeia.

*Jornalista claudio.brito@rdgaucha.com.br

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