quinta-feira, 2 de junho de 2016


02 de junho de 2016 | N° 18541 
L.F. VERISSIMO

Gravações


Sérgio Machado pode concorrer a um prêmio Emmy neste ano: todas as suas gravações são sucessos!

Não entendi, as gravações do Machado são grampos telefônicos ou ele anda com um gravador no bolso para qualquer eventualidade?

– Sérgio, você tem um microfone na testa, com um fio que contorna a orelha, desce pela lapela e entra no bolso da sua camisa, que tem o que parece ser um volume retangular.

O que é isso?

– Não sei, mas vou procurar um dermatologista imediatamente.

Da série o mundo dá voltas demais. Barack Obama fez uma espécie de tour de reconciliação, visitando velhos inimigos dos Estados Unidos: Cuba, Vietnã e Japão. Em Cuba, prometeu uma reaproximação depois de anos de implicância mútua e ouviu Raúl Castro dizer que não existem prisioneiros políticos em Cuba, esquecendo-se dos presos sem julgamento em Guantánamo.

No Vietnã, Barack tratou do comércio de armas e ninguém comentou que a história se repetia ao contrário, as bombas despejadas sobre o Vietnã pelos americanos durante a guerra voltando na forma de mercadoria. No Japão, Barack visitou Hiroshima, mas não pediu perdão pela barbaridade. 

Quem deveria pedir perdão, se estivesse vivo, seria Harry S. Truman, presidente dos Estados Unidos na época, que deu a ordem para usarem a bomba em Hiroshima e Nagasaki. Truman foi um daqueles homens que a História escolhe para momentos épicos sem nenhuma vocação para isso. Era um ex-camiseiro e um político medíocre, o vice-presidente que substituiu Franklin Roosevelt na morte desse. 

Havia várias opções para o uso das bombas. Elas poderiam ter sido lançadas sobre ilhas desertas com o mesmo resultado, a rendição do Japão, e poupado a vida de milhares de inocentes. Não se sabe qual teria sido a decisão de Roosevelt. O camiseiro não pensou duas vezes.

Dois ministros do Temer já caíram por culpa da Lava-Jato. Sobram três ministros do Temer sendo investigados pela Lava-Jato. Estes podem cair a qualquer momento, dependendo do rumo das investigações, de alguma delação premiada irrespondível ou do que o Sérgio Machado ainda tiver gravado. Não é um emprego seguro.

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