17 de junho de 2016 | N° 18558
OLHAR GLOBAL | Luiz Antônio Araujo
Crime raro e intrigante
Embora a história britânica registre assassinatos políticos, esses episódios estão comumente associados a lutas de libertação colonial, seja na Irlanda, no Oriente Médio ou na Índia. Enquanto outros países converteram o atentado contra a vida do chefe de governo em esporte nacional, a Grã-Bretanha teve um único premier morto no exercício do mandato, em 1812. Essa contingência faz do assassinato a sangue-frio da deputada trabalhista Jo Cox, à luz do dia, em frente à biblioteca municipal de Birstall, um crime ainda mais estarrecedor.
Em seu partido, o Trabalhista, de oposição, Jo pertencia à ala mais pacifista e ciosa da promoção de direitos, especialmente para pobres, migrantes e refugiados. Ao mesmo tempo que se opôs à intervenção militar britânica na Síria, foi uma das mais ardentes defensoras da ajuda humanitária àquele país, especialmente durante o cerco à cidade de Aleppo.
Em consonância com a posição de sua agremiação, defendia o voto “permanecer” no plebiscito da próxima quinta-feira sobre a participação do país na União Europeia (UE). A informação de que seu assassino teria gritado “Grã-Bretanha primeiro”, nome de uma organização antieuropeia de direita, sugere que o ato tenha tido conotação política.
Por mais que os dois lados evitem britanicamente, por enquanto, explorar o episódio em benefício de sua causa no plebiscito, é mais do que natural que o crime prejudique a opção pelo Brexit (saída da UE). Informações sobre identidade e motivações do assassino estão sendo mantidas sob sigilo cerrado.
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